Perante a grave
crise que atravessava, em 1985 o Partido Comunista da URSS elegeu Mikhail
Gorbachev para seu secretário-geral, encarregando-o de promover as reformas
necessárias para salvar o regime instituído depois de 1917. Daí nasceu a perestroika que veio dar origem ao desmembramento
do estado soviético e à independência de várias das suas repúblicas, entre as
quais a Ucrânia que se tornou independente em 1991. A influência russa era
enorme na Ucrânia porque cerca de 20% da sua população é de origem russa e, além
disso, uma parte do arsenal nuclear soviético estava em território ucraniano,
pelo que foram feitos acordos, nomeadamente de âmbito militar, entre a nova
Federação Russa e a Ucrânia independente.
Porém, vieram a
surgir problemas políticos internos resultantes da diversidade cultural do país
e do alinhamento internacional que procurava, com os ucranianos divididos entre a aproximação à
União Europeia e a fidelidade à Federação Russa. Esses problemas acentuaram-se
e em 2014, houve um movimento insurrecional em várias regiões do país e a
população russa da península da Crimeia, com o apoio militar russo, ocupou
muitos edifícios públicos e rejeitou a governação ucraniana de Kiev. Foi então
realizado um referendo local, considerado ilegal, que aprovou a chamada “reunificação
com a Rússia”, mas as Nações Unidas e a comunidade internacional não aceitam a
ocupação da Crimeia e consideram-na um território ucraniano sob ocupação
russa.
A península da Crimeia tem
cerca de 26 mil km2 de superfície, cerca de dois milhões de
habitantes dos quais cerca de 60% são de etnia russa e tem uma posição
estratégica importante no Mar Negro, pois acomoda a base naval russa de
Sebastopol.
Esta semana, o destroyer inglês HMS Defender, em trânsito de rotina de Odesa
para a Geórgia, terá entrado nas águas territoriais da Crimeia junto do cabo
Fiolent e um navio-patrulha russo terá feitos tiros de advertência, enquanto um
avião de combate Su-24M terá lançado bombas na proa do navio inglês. A imprensa
inglesa deu grande destaque a este caso como se fosse uma guerra e avisou Putin de que “não vai parar os
nossos navios”, mas os russos também não querem navios ingleses por lá. No
entanto, ainda está por esclarecer o que realmente se passou.