terça-feira, 11 de dezembro de 2018

As pesadas derrotas de May e de Macron

O Brexit de Theresa May e os coletes amarelos de Emmanuel Macron têm provocado muita instabilidade no Reino Unido e na França, embora de contornos diferentes. Ontem, quer Theresa May quer Emmanuel Macron, vieram assumir o revés das suas políticas e declarar-se derrotados, mas a derrota do Reino Unido e da França não são nada boas para a Europa...
May surpreendeu ao decidir suspender a discussão e votação do acordo sobre o Brexit celebrado com a União Europeia que deveria realizar-se hoje e esse adiamento significa que o governo britânico percebeu que ia ser derrotado, lançando mais incertezas e mais dúvidas quanto ao futuro. Assim, ao empurrar a discussão do problema para mais tarde, a sua derrota vai aprofundar-se e tudo se conjuga para que haja eleições antecipadas e que o Brexit venha a cair no caixote do lixo, embora todo o cenário político britânico seja cada vez mais imprevisível e incerto.
Quanto a Macron, que ontem falou aos franceses numa declaração que muito o enfraqueceu, tratou de lhes pedir desculpa, de prometer várias coisas e de satisfazer várias reivindicações dos coletes amarelos, sobretudo a redução dos impostos e o aumento do salário mínimo, numa tentativa de travar a sua cólera. Dizem os analistas que falou tarde demais e que a revolta popular, agora contra a desigualdade e a injustiça, não vai parar, o que é bem preocupante. Há mesmo quem lhe chame a Revolução Francesa de 2018.
Na sua edição de hoje, o americano The Wall Street Journal associa as duas situações porque, tanto num caso como no outro, o poder político está a ser fortemente contestado e vê-se obrigado a ceder à voz da opinião pública ou ao poder da rua. Embora sujeitos a ventos diferentes, o Reino Unido e a França tremem e, se esses países tremem, a Europa corre sérios riscos de também tremer porque, para o bem ou para o mal, a globalização já não deixa ninguém isolado. Lá longe e no meio de tanta incerteza na velha Europa, o Donald parece satisfeito.