O Jornal
de Notícias destacou hoje na
sua primeira página o fenómeno da pobreza em Portugal, ao noticiar que “48 mil
comem todos os dias nas cantinas sociais” e, dessa forma, o jornal prestou,
como lhe compete, um relevante serviço informativo à comunidade.
Este número envergonha
a nossa sociedade e é um murro no estômago dos democratas portugueses. Numa
altura em que o governo promove uma intensa campanha de propaganda através de
cartazes e das repetidas intervenções televisivas de alguns dos seus servidores
mais acéfalos, com despropositados elogios por alguns resultados económicos
ainda não consolidados, sobretudo nas exportações e no turismo, esta revelação oriunda
do Instituto da Segurança Social ajuda-nos a perceber a nossa realidade social. Perante este quadro de pobreza e fome, o
espectáculo da propaganda governamental tem sido lamentável e revela ausência de pudor. O governo de
Passos e Portas mentiu-me antes das eleições, empobreceu-me e achou que eu
vivia acima das minhas possibilidades. Depois aumentou a nossa dívida pública,
vendeu empresas ao desbarato, mandou uma geração para a emigração, destruiu
empresas e postos de trabalho, arruinou a saúde e a educação, desmoralizou as
Forças Armadas e revelou sempre uma enorme insensibilidade social.
As
estatísticas revelam que há cerca de dois milhões de portugueses na pobreza ou
em risco de pobreza, havendo muitos deles que têm fome e que, entre outros
locais, recorrem ao apoio das cantinas sociais. Assim, no 1º semestre do
corrente ano estavam em vigor 843 protocolos e o total de refeições
contratualizadas foi de 47.826 refeições por dia. No ano passado estavam em
vigor 845 protocolos para as cantinas sociais em todo o território continental
e o total de refeições contratualizadas foi de 49.024 refeições por dia. A pobreza e a fome persistem. Não
houve melhoria significativa nos últimos meses apesar do governo ter “os cofres
cheios”. A economia melhorou? Claro. Depois de bater no fundo só pode crescer, mas a insensibilidade social do governo continua, tal como a pobreza e a
fome.