A imprensa
anunciou ontem que a banca portuguesa, que no ano de 2023 registara os seus
maiores lucros de sempre, está a repetir esses lucros históricos em 2024. É uma
boa notícia para a banca e para os banqueiros, mas é uma triste notícia para os
depositantes e para quem necessita de crédito para a sua vida corrente, que se
vê diariamente extorquido pelos apetites vorazes da banca, incluindo a banca
pública.
A notícia
apareceu na edição do oje – jornal económico, mas também
foi destacada noutros periódicos: os cinco maiores bancos portugueses – BCP,
BPI, CGD, Novo Banco e Santander – lucraram mais de 2619 milhões de euros no 1º
semestre do ano de 2024, o que significa um lucro diário de 14 milhões de euros
e um crescimento de 31% nos lucros relativamente ao ano anterior. A CGD teve o
maior crescimento absoluto de lucro pois conseguiu 889 milhões de euros, o que
significa um aumento de 281 milhões de euros relativamente ao 1º semestre de
2023, enquanto o Santander foi o banco cujos lucros mais cresceram em termos
relativos, ao registar um lucro de 547,7 milhões de euros, correspondentes a um
crescimento de 64,2% do seu lucro.
Os banqueiros
explicam estes números com a margem financeira, o indicador que mede a
diferença entre os juros cobrados nos créditos concedidos e os juros pagos nos
depósitos, que atingiu 1426 milhões de euros durante o semestre, mas também nos
proveitos com as comissões que atingiram 289 milhões de euros.
De facto, estes
escandalosos resultados resultam da voracidade da banca e assentam na margem
financeira e na cobrança de comissões por tudo e por nada, como por exemplo na
“comissão de manutenção de conta”, uma verdadeira prática de extorsão praticada
contra os depositantes e que, mensalmente, me vai ao bolso. Embora esses resultados também resultem de um maior
dinamismo comercial e da melhoria operacional da estrutura da banca, da situação
económica do país e da significativa redução das imparidades dos créditos, a
prepotência da banca é mesmo um verdadeiro escândalo.
Estes números
parecem referir-se a um país de grande actividade económica, de enorme riqueza
e de muita prosperidade, mas na verdade referem-se a Portugal e recordam-nos “O
Canto e as Armas”, uma obra publicada em 1967 por Manuel Alegre, certamente o
livro mais cantado em Portugal, que inclui o Poemarma e o verso que apela a “que o poema [...]
chegue ao banco e grite: abaixo a pança!”. Um belo poema!