sábado, 2 de outubro de 2021

Rivalidades e tensões no mar da China

A última edição do Courrier international dedica uma parte do seu conteúdo às relações entre os Estados Unidos e a China e, através de uma sugestiva ilustração, destaca a crescente rivalidade entre Washington e Pequim e a evidente escalada de âmbito militar entre os dois países.
A China, ou antes, a República Popular da China, foi fundada em 1949 por Mao Tsé-Tung depois da guerra civil chinesa. Os nacionalistas chineses que foram derrotados, refugiaram-se em Taiwan e em 1954 assinaram um Tratado de Defesa Mútua com os Estados Unidos, mas esse acordo foi rescindido em 1980 pelos americanos, como contrapartida do reconhecimento da República Popular da China e do estabelecimento de relações diplomáticas entre Washington e Pequim. A partir de então, existem acordos de assistência militar dos Estados Unidos com Taiwan, mas a protecção americana que defendia a ilha das ambições continentais chinesas que querem o seu regresso à Grande China, já não são a mesma coisa. Por isso, o regime de Taiwan vive sob a ameaça militar permanente de ser reintegrada na República Popular da China porque, as autoridades chinesas insistem que o território de Taiwan faz parte da China. Essa tem sido uma linha vermelha da política chinesa, mas confronta-se com a “assistência mútua” que, de certa forma, nunca deixou de existir entre Washington e Taipei.
Porém, o espaço de rivalidade e de potencial conflitualidade sino-americano também se estende a todo o Pacífico ocidental e ao mar da China, como se viu no recente acordo tripartido entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália, o chamado pacto Aukus, que os franceses consideraram “uma facada nas costas” e que originou fortes críticas de Pequim, ao mesmo tempo que as autoridades de Taiwan agradeceram este inesperado apoio.