Estão a decorrer
hoje em Portugal as eleições legislativas antecipadas e a última edição do jornal
i, que na capa exibia as fotografias de Pedro Nuno Santos e de Luís
Montenegro, vaticinava que “um deles será o próximo primeiro-ministro”. É natural
que venha a ser assim e, ao fim da tarde, começaremos a saber isso.
Concorrem 21 forças políticas e a campanha
eleitoral foi longa, decepcionante e demasiado vulgar, com algumas avenças e azias por
esclarecer e com um impressionante e preocupante silêncio sobre as questões de
segurança e defesa, que nesta altura estão a dominar muitas agendas europeias,
como se a nossa vontade democrática não contasse perante os interesses bélicos representados
por Ursula von der Leyen e Mark Rutte. Nessa matéria, os portugueses deveriam
ter sido esclarecidos quanto às famosas escolhas de Paul Samuelson – canhões ou
manteiga – bem como aos efeitos de cada umas destas escolhas sobre o nosso
modelo social, o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social, numa altura em
que ainda subsistem feridas e dolorosas memórias da guerra colonial. Os
candidatos que o jornal i afirma estarem à frente, foram demasiado calculistas e
também não exprimiram uma ideia a respeito do genocídio que está a acontecer em
Gaza, nem uma palavra de condenação pela barbárie conduzida pelo regime de
Benjamin Netanyahu. Não tendo sido feito aquele debate nem esta condenação,
este silêncio parece significar que o futuro primeiro-ministro quer que os
portugueses lhe passem um cheque em branco nestas matérias.
Quanto à
generalidade dos temas da campanha aconteceu o habitual, com todos os
candidatos a anunciaram promessas que não têm qualquer viabilidade económica,
apenas porque não há recursos que as possam satisfazer, o que significa que não
passam de evidentes casos de propaganda e de autêntica “caça ao voto”, que muitas
vezes até foram ofensivas da inteligência dos portugueses.
Esta noite vai
haver um vencedor, mas não se sabe que tipo de governo teremos, nem com que
coligações ou com que apoios contará, mas aqui desejamos uma feliz navegação ao
futuro primeiro-ministro de Portugal.