O navio
mercante Razoni largou ontem de
Odessa com 26.000 toneladas de milho, tornando-se no primeiro navio comercial
que saiu daquele porto ucraniano desde o início da guerra. Esta saída e a
utilizaçáo de um corredor marítimo de segurança no mar Negro, foram negociados
durante vários meses entre os governos russo e ucraniano, sob a mediação da
Turquia e das Nações Unidas. Esse acordo abriu
caminho para a Ucrânia exportar 22 milhões de toneladas de cereais e outros
produtos agrícolas que ficaram retidos nos seus portos do Mar Negro devido à
invasão russa, tendo com contrapartidas a possibilidade da Rússia também exportar
cereais e fertilizantes.
O navio mercante Razoni arvora o pavilhão da Serra Leoa
e escalará hoje o porto de Istambul onde, nos termos do acordo de 22 de Julho,
vai ser inspeccionado no centro de coordenação e controlo criado nos termos do
acordo, após o que navegará para o porto de Tripoli, no Líbano. Desta forma,
parece estar em curso o início do alívio da crise alimentar mundial que já se
desenhava, sobretudo na África e na Ásia.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, saudou “calorosamente” a saída deste primeiro navio com
cereais ucranianos e elogiou as delegações da Rússia, da Ucrânia e da Turquia
que estiveram envolvidas nas negociações do acordo, que permitiu que o primeiro
navio mercante tivesse saído de Odessa. António Guterres disse, ainda, que
“esta guerra tem de acabar e a paz tem de ser estabelecida, em conformidade com
a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional".
A saída do Razoni, que hoje é destacada pelo
jornal El País, é um bom exemplo do que podem fazer a Diplomacia e as
negociações, mostrando como essa via é inspiradora e esperançosa, pelo que deve
ser seguida para acabar com a tragédia da guerra em que todos perdem. Porém,
Guterres parece estar sozinho, pois o que vemos é muita gente a lançar gasolina
para a fogueira.