terça-feira, 2 de agosto de 2022

Acordo russo-ucraniano é uma esperança

O navio mercante Razoni largou ontem de Odessa com 26.000 toneladas de milho, tornando-se no primeiro navio comercial que saiu daquele porto ucraniano desde o início da guerra. Esta saída e a utilizaçáo de um corredor marítimo de segurança no mar Negro, foram negociados durante vários meses entre os governos russo e ucraniano, sob a mediação da Turquia e das Nações Unidas. Esse acordo abriu caminho para a Ucrânia exportar 22 milhões de toneladas de cereais e outros produtos agrícolas que ficaram retidos nos seus portos do Mar Negro devido à invasão russa, tendo com contrapartidas a possibilidade da Rússia também exportar cereais e fertilizantes. 
O navio mercante Razoni arvora o pavilhão da Serra Leoa e escalará hoje o porto de Istambul onde, nos termos do acordo de 22 de Julho, vai ser inspeccionado no centro de coordenação e controlo criado nos termos do acordo, após o que navegará para o porto de Tripoli, no Líbano. Desta forma, parece estar em curso o início do alívio da crise alimentar mundial que já se desenhava, sobretudo na África e na Ásia. 
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, saudou “calorosamente” a saída deste primeiro navio com cereais ucranianos e elogiou as delegações da Rússia, da Ucrânia e da Turquia que estiveram envolvidas nas negociações do acordo, que permitiu que o primeiro navio mercante tivesse saído de Odessa. António Guterres disse, ainda, que “esta guerra tem de acabar e a paz tem de ser estabelecida, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional". 
A saída do Razoni, que hoje é destacada pelo jornal El País, é um bom exemplo do que podem fazer a Diplomacia e as negociações, mostrando como essa via é inspiradora e esperançosa, pelo que deve ser seguida para acabar com a tragédia da guerra em que todos perdem. Porém, Guterres parece estar sozinho, pois o que vemos é muita gente a lançar gasolina para a fogueira.