O problema da
Catalunha que há um ano atingiu um elevado patamar de conflitualidade e teve
como principais protagonistas Mariano Rajoy e Carles Puigdemont, para além do
Tribunal Constitucional de Espanha, parecia ter acalmado com a subida ao poder
central de Pedro Sanchéz e a presidência de Quim Torra no governo autónomo da
Catalunha.
O diálogo que
estivera fechado foi reaberto e, durante alguns meses, todos assistimos a uma
lenta retoma da confiança dos cidadãos na evolução do processo catalão, ao verem as fotografias dos encontros muito cordiais entre Sanchéz e Torra.
Porém, nos
últimos dias começaram a ver-se sinais de que algo estava a mudar, sobretudo
porque o exilado Puigdemont voltou a falar, depois de muitos meses de silêncio.
A sua voz influencia demasiado o seu pupilo e, ontem, Quim Torra discursou.
Como refere o jornal conservador ABC, foi “mais do mesmo”, isto é,
foi retomada a “retórica golpista” e convocada uma marcha pelos direitos civis
dos catalães, reivindicada a autodeterminação da Catalunha e exigida a libertação
dos presos políticos que atentaram contra a unidade da Espanha. O discurso radical de Torra em defesa do
republicanismo e da libertação dos políticos é uma ameaça ao diálogo e é mais
um braço de ferro do independentismo catalão, que não cede aos seus direitos
históricos e à ambição de se tornar num Estado, mas que continua sem a
solidariedade da Europa que, já bastante dividida e com grandes problemas, teme
por uma eventual balcanização da Espanha. Por isso, a solução do problema catalão
terá que ser encontrada no diálogo e nunca nas manifestações convocadas por
Quim Torra, que nunca se sabe como podem acabar.