Fonte: Kyoto University of Foreign Studies |
Andava eu muito
crítico quanto às constantes viagens de descarada promoção pessoal do nosso
vice-primeiro ministro, quando me chegou a notícia de que o nosso primeiro
Passos entrou em disputa com ele e se deslocara ao Japão levando consigo uma
delegação com 26% do seu ministério, para além de secretários, assessores,
ajudantes e os inevitáveis jornalistas para relatarem o sucesso da viagem, como
se isso interessasse aos leitores ou aos telespectadores. O cidadão comum
observa este corrupio de viagens e de despesas e fica indignado por lhe
cobrarem tantos impostos, por lhe cortarem as pensões, por lhe prestarem
cuidados de saúde insatisfatórios e por obrigarem tanta gente a emigrar. Nesta
melancolia de vida que levamos e em que somos obrigados a viver, há tão poucas
alegrias que qualquer coisinha positiva que nos chega de fora ajuda a
descongelar a nossa auto-estima. E foi o que aconteceu esta semana quando vimos
na televisão o nosso primeiro Passos a receber um doutoramento honoris causa pela Kyoto University of
Foreign Studies. Tive que “meter a viola no saco” pois foi um momento de grande
alegria ver um nosso concidadão, que se licenciou aos 37 anos numa universidade
lisboeta menos reputada, ser reconhecido academicamente por uma universidade do
Império do Sol Nascente. Nem Luis de Almeida, nem Luis Fróis, nem João
Rodrigues, nem Wenceslau de Moraes, atingiram este patamar académico! Mas porquê?
Segundo se leu,
esta atribuição distingue “o apoio dado por Portugal à CPLP” e aí começa o meu desapontamento.
Afinal o nosso primeiro Passos não foi reconhecido pelos seus méritos, mas
apenas pelo apoio que Portugal deu à CPLP, ficando nós sem saber se esse apoio
tem a ver com a polémica admissão da Guiné Equatorial, em que o nosso país se
comportou como um subalterno.
Porém, o
desapontamento ainda foi maior quando verifiquei que a Kyoto University of
Foreign Studies figura na 157ª posição (!) no
ranking das universidades japonesas e, nessas circunstâncias, a distinção
conferida é mesmo de importância menor. Será que o primeiro Passos merecia
mais?