sexta-feira, 10 de maio de 2019

Em rumo de colisão no golfo Pérsico?

Uma das mais controversas medidas tomadas pela administração de Donald Trump em 2018 foi o abandono do Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), um acordo assinado em 2015 que se destinava a limitar o programa nuclear do Irão a troco do levantamento parcial das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e pelos seus aliados europeus.
Esse acordo vinha funcionando com alguma normalidade, mas o Donald considerou-o “o pior negócio do mundo” e tratou de voltar a impor sanções ao Irão, o que fez aumentar a tensão entre os dois países, ampliada sobretudo pelos seus elementos mais radicais. Pela voz de John Bolton, o assessor de segurança nacional, os Estados Unidos têm repetido o seu discurso ameaçador e já destacaram para o Golfo Pérsico o porta-aviões USS Abraham Lincoln e uma task-force de bombardeiros B-52, enquanto Hassan Rouhani também endureceu o seu discurso anti-americano e parece ter retomado o programa nuclear iraniano e a sua opção pela construção de uma bomba nuclear. É nessa opção que está a verdadeira causa do aumento da tensão entre americanos e iranianos em cada dia que passa.
Na sua última edição, o The Economist analisa a situação que está a ser criada entre os Estados Unidos e o Irão e, utilizando uma fotografia do USS Abraham Lincoln, destaca a expressão “rumo de colisão” e anuncia que os “os tambores de guerra já se ouvem”. Na realidade, a retórica belicosa americana regressou à cena internacional e os seus falcões acreditam que as sanções económicas e a ameaça das bombas podem interromper o programa nuclear iraniano, embora o Donald saiba que a sua reeleição não é compatível com intervenções militares externas. Porém, parece que essa retórica de guerra não incomoda as hostes de Hassan Rouhani.
A opinião pública americana aprecia o poder do seu país, mas não apoia intervenções militares cujo futuro é incerto e é demasiado oneroso. Por isso, tanto Hassan Rouhani, como Nicolas Maduro ou Kim Jong-un não parecem levar a sério as ameaças americanas,  mas o facto é que há muita gente preocupada com a hipótese de intervenções militares promovidas pelos falcões de Donald Trump.