As agências
internacionais noticiaram que as tropas sírias recuperaram a cidade de Palmyra,
cuja história moderna começa a ser tão interessante quanto a sua história
antiga. A sua localização no centro da Síria e a meio caminho entre o mar Mediterrâneo
e o rio Eufrates tornaram-na um ponto de passagem das rotas comerciais da
Antiguidade e das caravanas, o que gerou muita riqueza e possibilitou a
construção de monumentais estruturas durante os dois primeiros séculos da nossa
era, que a UNESCO reconheceu em 1980 como património da Humanidade.
A
cidade de Palmyra foi ocupada pelo ISIS em Maio de 2015 e uma parte do seu
património arqueológico foi então destruído, como mostraram as imagens
televisivas da época. Em Março de 2016 as forças sírias retomaram a cidade por razões estratégicas e de prestígio, mas em
Dezembro o ISIS conseguiu recuperar o seu domínio. Porém, no dia 13 de
Janeiro o exército sírio e os seus aliados russos e iranianos lançaram uma
ofensiva sobre Palmyra que teve êxito, conforme anuncia hoje The Wall Street Journal, com destaque de primeira página e fotografia. Foi a segunda recaptura de Palmyra em menos de um ano, a demonstrar como é importante no contexto do conflito sírio.
Há poucos
dias, as mesmas agências internacionais informaram que as tropas iraquianas
tinham recuperado o aeroporto de Mossul. Sabe-se que há uma ofensiva turca
sobre o ISIS a norte de Aleppo e que se desenvolve uma grande ofensiva curda em
direcção a Raqqa. Há, portanto, várias ofensivas simultâneas em curso num
verdadeiro blitz anti-ISIS. Será que foram conjugadas? Será que as conversações
de Astana produziram alguns resultados? Ao mesmo tempo, continuam as
conversações de paz em Genebra entre o governo e a oposição síria sob os auspícios
das Nações Unidas. São chamadas Genebra IV e era bom que tivessem resultados. O povo sírio e o mundo agradeciam.