segunda-feira, 27 de junho de 2016

Argentina perde e Leonel Messi retira-se

Terminou a Copa América Centenário 2016 e, no jogo da final, a equipa do Chile venceu a equipa da Argentina, depois de 120 minutos sem golos e com a discussão final a ser feita através de remates da marca de grande penalidade. Nessas condições, tudo pode acontecer e, nesta final, foi a Argentina que perdeu. O problema foi que essa derrota resultou de uma defesa do guarda-redes chileno e de um remate que nem acertou na baliza feito por Leonel Messi, o capitão da equipa e a grande estrela do futebol argentino e mundial.
A imprensa argentina, incluindo o diário Clarin que se publica em Buenos Aires, destaca hoje nas suas primeiras páginas a fotografia de Leonel Messi vergado pela derrota e pelo seu remate falhado, descrevendo a “maldição” que persegue a sua equipa de futebol que vive um jejum de 23 anos sem qualquer título internacional e que já acumula sete derrotas em sete finais mundiais ou americanas. O próprio Messi acaba por ser um símbolo desse jejum, pois tendo vencido cinco troféus da Bola de Ouro para o melhor jogador do mundo, já soma quatro finais e quatro derrotas na Copa América (2007 com o Brasil, 2015 e 2016 com o Chile) e no Campeonato do Mundo (2014 com a Alemanha).
Depois de 113 jogos pela selecção argentina e de ter marcado 55 golos com a camisola 10, Leonel Messi reagiu a mais esta derrota e declarou que “se terminó para mi la selección”, o que provocou uma onda de tristeza geral a juntar à frustación e à decepción da derrota. Por isso, vários jornais utilizaram a sua primeira página para suplicar a Leonel Messi: No te vayas. Certamente que Messi vai repensar a sua declaração e vai fazer o mesmo que  fez o agente internacional da Mota-Engil em Portugal, isto é, foi irrevogável durante meia dúzia de horas até lhe acenarem com uma cenoura qualquer.

O grande imbróglio espanhol

A Espanha é o único país com que temos fronteira terrestre e com ela partilhamos tanta coisa, desde a história à cultura, passando por muitas outras afinidades, por muitas interacções económicas e, naturalmente, por muitas rivalidades. A história fez da Espanha um dos maiores países da União Europeia, pelo seu peso económico e demográfico, mas também pela sua influência internacional e, por isso, tudo o que se passa em Espanha é muito importante para Portugal enquanto vizinho, mas também para a estabilidade europeia, sobretudo quando o recente resultado do referendo britânico trouxe demasiada incerteza ao futuro.
Havia por isso uma grande expectativa à volta das eleições que ontem se realizaram em Espanha, mas de facto elas não trouxeram nada de novo, isto é, o impasse que se verificara nas eleições de 20 de Dezembro de 2015, repetiu-se nas eleições de 26 de Junho de 2016. É certo que Mariano Rajoy e o Partido Popular saíram reforçados e que os partidos da esquerda perderam algum terreno como diz o El Pais, mas o facto é que é precisa muita imaginação para pensar que depois de muitos meses de negociações infrutíferas, os mesmos protagonistas façam agora alianças que permitam juntar os 175 deputados necessários para formar uma maioria de governo. É uma matemática muito complexa. Mariano Rajoy, Pedro Sanchez, Pablo Iglésias e Albert Rivera já devem estar fartos de si mesmos e dos outros, bem como das propostas e das acusações de cada um. O rei Filipe V também já deve estar cansado de tentar resolver este imbróglio e agora, que vê as férias estragadas, também deve estar num beco sem saída. Assim, será o galego Mariano Rajoy que continuará a governar, mas sem a força e a legitimidade que agora eram necessáriam para falar alto em Bruxelas.