A administração
americana decidiu apoiar a oposição síria e assegurar-lhe o fornecimento de
armas, com base na informação de que as forças de Bashar al-Assad tinham
utilizado gases tóxicos contra as forças rebeldes. Esta decisão é controversa e
parece ser uma cedência ao lobby da
indústria do armamento, muito semelhante ao que se passou em relação ao Iraque
e a Saddam Hussein, com as suas supostas armas de destruição massiva. Na União
Europeia seguiu-se o mesmo caminho e a França e o Reino Unido também se
preparam para fornecer armamento aos rebeldes, enquanto o estabelecimento de
uma zona de exclusão aérea sobre a Síria parece ser o passo seguinte.
Ao
contrário do que sucedeu no Iraque e na Líbia, o governo sírio tem aliados
poderosos e os russos já reagiram e apressaram-se a declarar que os argumentos
americanos não eram convincentes e que a sua decisão complicará os esforços de
paz.
As Nações Unidas
tinham reconhecido recentemente, através de um relatório da sua Comissão
Independente de Inquérito, que tinham sido encontradas provas do uso de “quantidades
limitadas” de gás tóxico em quatro locais, mas que não foi possível determinar “o
tipo de agentes químicos usados”, nem identificar quem os usou. Além disso, a
investigação detectou a prática de outros crimes contra a humanidade cometidos
por ambos os lados do conflito, incluindo tortura e pilhagem, embora mais
intensas por parte do governo e das milícias suas aliadas.
Como acontece em
todas as guerras há excessos nos dois lados e é a população que sofre. Assim, é
incompreensível que, em vez de parar com o fornecimento de armas e de se
pressionarem os dois contendores para cessarem os combates e os massacres, para
abrir o caminho da paz e para minimizar o risco de alastramento regional, alguns
países atirem gasolina para a fogueira.