A Espanha vive um
período muito difícil, com a economia em recessão e com um desemprego de 26,7%,
ao mesmo tempo que “a dívida pública
dispara”, como hoje noticia em primeira página o jornal económico espanhol La Gaceta.
Quando em 2007
começou a actual crise económica europeia, a dívida pública espanhola era de
36,3% do PIB e, cinco anos depois é de 88,2% do PIB, tendo o montante da dívida
passado de 380,66 para 922,82 mil milhões de euros, o que representa um aumento
de 132%. No mesmo período,
a dívida pública portuguesa passou de 63,6% do PIB para 123,6% do PIB e o
montante da dívida passou de 103 para 204 mil milhões de euros, o que
representa um aumento de 98%. Estes números significam que a situação espanhola
é mais grave do que a situação portuguesa, mas enquanto os nossos vizinhos
reagem com um sentido de dignidade nacional, os nossos dirigentes aceitam
humilhar-se e submeter-se aos interesses dos especuladores que tanto nos
conduziram à actual situação. Por isso, não se entendem a agressividade da troika, nem as entrevistas encomendadas
a Abebe Selassie, nem as intromissões de Wolfgang Schäuble, nem o servilismo vergonhoso
de Gaspar, nem o quase autoritarismo de Passos. Basta de fanatismo e de humilhação!
Além disso, o problema europeu também é
muito grave. No mesmo período de 2007 a 2012, a dívida pública global da União
Europeia aumentou em média 51% e, exceptuando a Suécia, a dívida aumentou em
todos os seus Estados-membros. O desemprego europeu passou de 10,3 para 10,9% nos
últimos 12 meses, há 17 países com um défice orçamental superior a 3% e há 14
países cuja dívida pública é superior a 60% do respectivo PIB. Afinal parece
que o nosso problema não era uma consequência da má governação anterior, nem
tão pouco se resolvia com um corte de gorduras como foi largamente apregoado
por quem agora nos governa. Ao menos aprendam com a dignidade espanhola.
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