segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Eleições na Catalunha sem novidades

As eleições regionais da Catalunha realizaram-se ontem e suscitaram pouco interesse por parte dos portugueses, que andam mais preocupados com o covid-19, com o confinamento e com as vacinas, enquanto a comunicação social ignorou essas eleições porque vive numa descontrolada e provinciana ânsia para encontrar qualquer coisa de sensacionalista ou para descobrir aquilo que por cá não corre bem.
As eleições catalãs decorreram ordeiramente, o que é a primeira coisa a saudar-se, até porque nem sempre tem sido assim. A participação eleitoral foi de 53%, que foi um recorde negativo na história democrática da Catalunha, mas lembremo-nos que nas recentes eleições presidenciais portuguesas a participação se ficou pelos 45%. Quanto aos resultados, como destaca o El País, o independentismo saiu reforçado, embora o partido mais votado tivesse sido o PSC (Partido Socialista Catalão) que elegeu 33 deputados e, porque há 22 anos que não ganhava, este resultado foi uma grande vitória. Depois aparece a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) de Pere Aragonés (centro-esquerda) com 33 deputados e a coligação JxCat (Juntos pela Catalunha) do exilado Carles Puigdemont (centro-direita) com 32 deputados, além do Vox (extrema-direita) com 11 deputados e da CUP (Candidatura de Unidade Popular) com 9 deputados da extrema-esquerda revolucionária. A maioria parlamentar exige 68 deputados e, como se imagina, todas as possíveis combinações são instáveis.
Salvador Illia, o ex-Ministro da Saúde e líder do PSC, é o principal candidato para governar a Generalitat, mas os independentistas (ERC+JxCat+CUP) têm a maioria com 74 deputados, embora tenham projectos bem diferentes ou mesmo incompatíveis. O cenário que se projecta é muito complexo, mas o que nos parece mais provável é uma coligação (PSC+ERC), porque são da mesma família política e só a questão da independência os distingue, mas na grave crise económica e social que já chegou à Catalunha, o melhor será mesmo que juntem esforços e deixem a questão da independência para depois.