As eleições
regionais da Catalunha realizaram-se ontem e suscitaram pouco interesse por
parte dos portugueses, que andam mais preocupados com o covid-19, com o confinamento e com as vacinas, enquanto a
comunicação social ignorou essas eleições porque vive numa
descontrolada e provinciana ânsia para encontrar qualquer coisa de sensacionalista ou para descobrir aquilo que por cá não corre bem.
As eleições
catalãs decorreram ordeiramente, o que é a primeira coisa a saudar-se, até
porque nem sempre tem sido assim. A participação eleitoral foi de 53%, que foi
um recorde negativo na história democrática da Catalunha, mas lembremo-nos que
nas recentes eleições presidenciais portuguesas a participação se ficou pelos
45%. Quanto aos resultados, como destaca o El País, o independentismo saiu
reforçado, embora o partido mais votado tivesse sido o PSC (Partido Socialista
Catalão) que elegeu 33 deputados e, porque há 22 anos que não ganhava,
este resultado foi uma grande vitória. Depois aparece a ERC (Esquerda
Republicana da Catalunha) de Pere Aragonés (centro-esquerda) com 33 deputados e
a coligação JxCat (Juntos pela Catalunha) do exilado Carles Puigdemont
(centro-direita) com 32 deputados, além do Vox (extrema-direita) com 11
deputados e da CUP (Candidatura de Unidade Popular) com 9 deputados da
extrema-esquerda revolucionária. A maioria parlamentar exige 68 deputados e, como se imagina, todas as possíveis combinações são instáveis.
Salvador Illia, o
ex-Ministro da Saúde e líder do PSC, é o principal candidato para governar
a Generalitat, mas os independentistas (ERC+JxCat+CUP) têm a maioria com 74
deputados, embora tenham projectos bem diferentes ou mesmo incompatíveis. O cenário que se projecta é
muito complexo, mas o que nos parece mais provável é uma coligação (PSC+ERC),
porque são da mesma família política e só a questão da independência os
distingue, mas na grave crise económica e social que já chegou à Catalunha, o
melhor será mesmo que juntem esforços e deixem a questão da independência para
depois.