terça-feira, 9 de abril de 2019

As celebrações ibéricas da volta ao mundo

No próximo dia 10 de Agosto celebra-se o 5º centenário da partida das cinco naus que saíram de Sevilha, que desceram o rio Guadalquivir e entraram em Sanlúcar de Barrameda, de onde partiram no dia 20 de Setembro de 2019 para uma viagem às Molucas, navegando por ocidente. Segundo Le Voyage de Magellan 1519-1522 (edition Chandeigne, Paris, 2017), seguiam a bordo 237 homens, mas com os que embarcaram nas Canárias e no Brasil, terão sido 242 os participantes na viagem, sendo 139 espanhóis (64 andaluzes, 29 bascos, 15 castelhanos, 7 galegos, 5 asturianos, 3 navarros, 2 aragoneses, 2 estremenhos, um murciano e 11 de origem indeterminada), 31 portugueses pelo menos, pois alguns ter-se-ão feito passar por espanhóis, 26 italianos, 19 franceses, 9 gregos, 5 flamengos, 4 alemães, 2 negros, 2 irlandeses, 2 mestiços sendo um luso-brasileiro e outro hispano-americano, um inglês, um goês e um malaio. Entre estes homens encontrava-se Fernão de Magalhães, provavelmente natural da vila transmontana de Sabrosa, que era o seu experimentado comandante. Era, portanto, uma verdadeira tripulação internacional, até porque as Espanhas eram então um extenso número de reinos semi-independentes e ainda não existia um estado espanhol. Daí que tivesse causado um grande escândalo o parecer da Real Academia de História de Espanha divulgado no passado dia 10 de Março, em que a viagem iniciada por Magalhães em 1519 foi considerada "plena y exclusivamente española". 
Hoje o jornal ABC, na sua edição de Sevilha, destaca as comemorações do 5º centenário da primeira viagem à volta do mundo e noticia que os governos espanhol e português acordaram na celebração conjunta desse acontecimento que foi ibérico, mas também europeu, pelo que não faz qualquer sentido a exaltação de glórias nacionalistas que alguns pretenderam introduzir na celebração desta efeméride. Andaram bem os dois governos peninsulares ao chegarem a um acordo quanto ao processo de comemorar a primeira viagem à volta ao mundo.
Segundo foi divulgado, além de  muitas outras iniciativas conjuntas, em 2020 os navios-escolas das Marinhas dos dois países – Buque Escuela Juan Sebástian Elcano e Navio-Escola Sagres – darão a volta ao mundo seguindo a mesma rota que seguiu a expedição de Magalhães e Elcano.
Entretanto, a cidade de Sevilha já reivindica ser o ponto de partida dessa viagem, apesar de haver problemas de calado para o Elcano navegar naquele rio e de haver cabos de alta tensão sobre o Guadalquivir. Apesar disso, a edição local do ABC dá como certa a partida de Sevilha dessa viagem e escolheu exactamente o navio-escola espanhol para ilustrar a sua capa.

Os problemas continuam na Venezuela

A Venezuela vive uma crise política e económica profunda, com uma espiral hiperinflacionária e uma enorme contracção do seu produto nacional, que provocaram a escassez de produtos essenciais e a saída do país de mais de dois milhões de pessoas.
A situação agravou-se com o bloqueio económico americano e com a intransigência do regime chavista, que tem atropelado as regras da democracia, sobretudo por falsear as eleições presidenciais e por não dar voz à oposição.
Foi neste quadro que Juan Guaidó, o presidente do Parlamento, se auto-proclamou presidente interino da Venezuela no passado dia 23 de Janeiro. Beneficiando de um alargado apoio internacional, Juan Guaidó aproveitou uma rede anónima de resistência criada em Fevereiro de 2011 para lutar contra o chavismo que então foi baptizada como Operación Libertad Venezuela (OLV) e, tratou de fazer uma digressão pelo país para activar esse movimento.
Com esse apoio, no passado fim de semana promoveu um conjunto de grandes manifestações articuladas em todo o território nacional que classificou como a “fase definitiva” do seu plano a que chamou Operación Libertad, para afastar Nicolás Maduro do poder e do palácio presidencial de Miraflores. Porém, também o regime chavista organizou grandes manifestações, a mostrar que há duas venezuelas e que há riscos de confrontações. A juntar a esta tensão política apareceram os apagões eléctricos e o racionamento da água, o que está a fazer aumentar a mobilização contra Nicolás Maduro, que está a ser responsabilizado por tudo o que de mal vem acontecendo no país. Para amanhã estão convocadas novas manifestações em todo o território e, sobretudo em Caracas, onde os manifestantes tencionam dirigir-se ao palácio presidencial para reclamar o afastamento de Nicolás Maduro.
O diário La Hora, que se publica no pequeno estado insular de Nova Esparta e que tem por lema - ni con unos ni con otros: con Nueva Esparta – destaca o masivo apagón e as manifestações contra Maduro en la fase definitiva de la operación Libertad.