terça-feira, 17 de janeiro de 2023

A maré bolsonarista perde força no Brasil

Foi no dia 8 de Janeiro que, em directo pela televisão, assistimos às manifestações bolsonaristas que avançaram sobre Brasília e que vandalizaram o espaço público onde se localizam os três edifícios monumentais que representam os três poderes da República Federativa do Brasil. Tratou-se de um acto organizado por fanáticos que atentaram contra o regime democrático brasileiro e que provocaram danos irrecuperáveis no património histórico-cultural brasileiro. A cidade que foi criada pela imaginação do urbanista Lúcio Costa e do arquitecto Oscar Niemeyer e que veio a ser inscrita em 1987 na lista de bens do Património Mundial da Unesco, passou pelo dia mais dramático da sua história.
A última edição da revista veja, que é a revista de maior circulação do Brasil, trata dos acontecimentos de 8 de Janeiro e escolheu para manchete com destaque da sua primeira página as palavras vândalos, criminosos, terroristas e golpistas.
Parece, portanto, que a sociedade brasileira está atenta e activa em defesa da democracia, condenando o bolsonarismo golpista e os seus cabecilhas, quer através das autoridades judiciais, quer através da imprensa e da opinião pública. Sucedem-se as notícias nesse sentido, como por exemplo a detenção do ex-ministro da Justiça Anderson Torres que foi ordenada pelo STF e o pedido feito pela PGR para a condenação de 39 radicais acusados da invasão do Senado. Jair Bolsonaro que continua nos Estados Unidos, também é alvo de investigação como possível autor intelectual e instigador dos actos de vandalismo e de um eventual golpe de estado.
Entretanto, o presidente Lula também está atento e porque houve desconfiança no comportamento de militares/polícias que guardavam edifícios oficiais, eventualmente em cumplicidade com os golpistas, decidiu dispensar mais de cinco dezenas deles.
O Brasil está a mostrar-se suficientemente democrático e resiliente para ultrapassar por agora a crise gerada pela derrota de Jair Bolsonaro que, visivelmente, perde apoios internos, porque internacionais nunca os teve.