Foi no dia 8 de
Janeiro que, em directo pela televisão, assistimos às manifestações
bolsonaristas que avançaram sobre Brasília e que vandalizaram o espaço público
onde se localizam os três edifícios monumentais que representam os três poderes
da República Federativa do Brasil. Tratou-se de um acto organizado por
fanáticos que atentaram contra o regime democrático brasileiro e que provocaram
danos irrecuperáveis no património histórico-cultural brasileiro. A cidade que foi
criada pela imaginação do urbanista Lúcio Costa e do arquitecto Oscar Niemeyer
e que veio a ser inscrita em 1987 na lista de bens do Património Mundial da
Unesco, passou pelo dia mais dramático da sua história.
A última edição
da revista veja, que é a revista de maior circulação do Brasil, trata dos
acontecimentos de 8 de Janeiro e escolheu para manchete com destaque da sua
primeira página as palavras vândalos,
criminosos, terroristas e golpistas.
Parece, portanto,
que a sociedade brasileira está atenta e activa em defesa da democracia,
condenando o bolsonarismo golpista e os seus cabecilhas, quer através das
autoridades judiciais, quer através da imprensa e da opinião pública.
Sucedem-se as notícias nesse sentido, como por exemplo a detenção do
ex-ministro da Justiça Anderson Torres que foi ordenada pelo STF e o pedido
feito pela PGR para a condenação de 39 radicais acusados da invasão do Senado.
Jair Bolsonaro que continua nos Estados Unidos, também é alvo de investigação
como possível autor intelectual e instigador dos actos de vandalismo e de um
eventual golpe de estado.
Entretanto, o
presidente Lula também está atento e porque houve desconfiança no comportamento
de militares/polícias que guardavam edifícios oficiais, eventualmente em
cumplicidade com os golpistas, decidiu dispensar mais de cinco dezenas deles.
O Brasil está a
mostrar-se suficientemente democrático e resiliente para ultrapassar por agora
a crise gerada pela derrota de Jair Bolsonaro que, visivelmente, perde apoios internos, porque internacionais nunca os teve.