quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O radicalismo continua forte em França

O radicalismo está a perturbar as sociedades contemporâneas, sobretudo aquelas em que os valores da democracia e do respeito pelas liberdades estão mais enraizados, como acontece na generalidade dos países e, em especial, nos países europeus. 
O que vai acontecendo em vários países europeus é perturbador, sobretudo quando as questões religiosas se chocam com os modelos culturais estabelecidos, o que é uma consequência da diversidade cultural e da diferenciação económica que os migrantes encontram nos países de acolhimento. 
O mais recente episódio deste radicalismo aconteceu em França. Samuel Paty tinha 47 anos de idade e era professor de História e de Geografia no colégio Bois d’Aulne, em Conflans-Saint-Honorine, nos subúrbios de Paris, mas foi barbaramente assassinado na passada sexta-feira por um terrorista islâmico porque, numa das suas aulas em que tratara da liberdade de expressão, terá exibido caricaturas do profeta Maomé. A França ficou em estado de choque e recordou-se da tragédia do Charlie Hebdo de Janeiro de 2015. Ontem o professor Paty foi homenageado por toda a nação francesa e pelo presidente Emmanuel Macron que o condecorou a título póstumo com a Legião de Honra enquanto, hoje, toda a imprensa francesa evoca e presta homenagem a Samuel Paty, ao mesmo tempo que elogia e incentiva os professores franceses a não ter medo de exercer a sua função de educadores em liberdade. 
No mundo de mudança em que vivemos em que tudo parece depender daquilo que corre irresponsavelmente nas redes sociais, a função dos professores é cada vez mais importante para a sociedade não só como transmissores de saberes, mas sobretudo como educadores e agentes da formação cívica dos cidadãos, mas essas tarefas terão que desempenhadas sem medo e em liberdade.