No quadro da
crescente influência chinesa no mar da China e na sua periferia meridional, mas
também considerando a tensão na península coreana, o governo australiano do
Primeiro-ministro Malcolm Turnbull apresentou um ambicioso “Defence’s White Paper shopping list”,
hoje revelado pelo The Sydney Morning Herald. Trata-se, de facto, de um plano de
rearmamento militar que prevê um investimento de 195 mil milhões de dolares
australianos ($195 billion AUD) nos próximos dez anos. Ao câmbio actual e sem
considerar as variações do valor do dinheiro ao longo desse período, esse
investimento corresponde a cerca de 127 mil milhões de euros, o que é uma coisa só possível de acontecer num país muito rico.
A lista de
material a adquirir é muito extensa e, para além de incluir 9 fragatas
anti-submarinas, 12 navios-patrulha costeiros, 72 aviões F-35 e outros tipos de aviões e
helicópteros, inclui 12 submarinos. Esses submarinos
deverão ser construidos na Austrália e custarão $50 billion AUD (32 mil milhões
EUR), estimando-se que os respectivos custos de manutenção ao longo da sua vida
útil até meados do século XXI atinjam o dobro daquele valor, ou seja, o
anunciado programa de novos submarinos custará cerca de $150 billion AUD.
Não deixa de ser
curioso comparar o que se passou em Portugal com a compra de dois submarinos e
o que está a acontecer na Austrália com a compra de doze submarinos para juntar
à frota de doze unidades que já possui. Por cá foi a crítica e até a chacota da
imprensa e da opinião pública, enquanto na Austrália se assiste ao elogio da
decisão e a uma manifestação de orgulho
nacional.