domingo, 21 de março de 2021

Os Pares do Reino nascidos para governar

A edição de hoje do The Sunday Times destaca uma grande reportagem sobre “a verdade sobre os Pares do Reino que nasceram para governar”, isto é, um corpo hereditário da nobreza britânica que tem assento na Câmara dos Lordes, que é a câmara alta do Parlamento britânico. De acordo com a investigação daquele respeitado jornal, há 85 duques, condes e barões que por direito de nascimento têm assento naquela câmara, sem que tenham passado por qualquer crivo eleitoral. Esses Pares do Reino têm uma média de 71 anos de idade, são todos homens e, desde 2001, reivindicaram o recebimento de 47 milhões de libras para pagamento de despesas de saúde e de viagens, sem que tivessem participado num único debate, nem tenham alguma vez falado ou feito qualquer pergunta escrita. Outra das curiosidades deste grupo é o facto de 46% deles ter frequentado o Eton College que, durante séculos, tem educado a classe dominante britânica e que é sinónimo de elite, de aristocracia e de privilégio. Mesmo no modelo muito conservador da Monarquia britânica, este sistema de nobreza hereditária está desactualizado e alguns dos seus membros entendem que deve ser abolido.
Como curiosidade regista-se que em Portugal existiu a Câmara dos Digníssimos Pares do Reino durante o tempo da Monarquia Constitucional, onde tinham assento noventa pares da mais alta nobreza nomeados pelo rei, mas sem direitos hereditários. Essa câmara foi criada pela Constituição de 1826 e foi extinta com a Revolução de 1910, mas a sua congénere britânica ainda perdura, sabe-se lá por quanto tempo.