A edição de hoje
do The
Sunday Times destaca uma grande reportagem sobre “a verdade sobre os
Pares do Reino que nasceram para governar”, isto é, um corpo hereditário da
nobreza britânica que tem assento na Câmara dos Lordes, que é a câmara alta do
Parlamento britânico. De acordo com a investigação daquele respeitado jornal,
há 85 duques, condes e barões que por direito de nascimento têm assento naquela
câmara, sem que tenham passado por qualquer crivo eleitoral. Esses Pares do
Reino têm uma média de 71 anos de idade, são todos homens e, desde 2001, reivindicaram
o recebimento de 47 milhões de libras para pagamento de despesas de saúde e de
viagens, sem que tivessem participado num único debate, nem tenham alguma vez
falado ou feito qualquer pergunta escrita. Outra das curiosidades deste grupo é
o facto de 46% deles ter frequentado o Eton College que, durante séculos, tem
educado a classe dominante britânica e que é sinónimo de elite, de aristocracia
e de privilégio. Mesmo no modelo muito conservador da Monarquia britânica,
este sistema de nobreza hereditária está desactualizado e alguns dos seus
membros entendem que deve ser abolido.
Como curiosidade
regista-se que em Portugal existiu a Câmara
dos Digníssimos Pares do Reino durante o tempo da Monarquia Constitucional,
onde tinham assento noventa pares da mais alta nobreza nomeados pelo rei, mas
sem direitos hereditários. Essa câmara foi criada pela Constituição de 1826 e
foi extinta com a Revolução de 1910, mas a sua congénere britânica ainda
perdura, sabe-se lá por quanto tempo.
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