quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Os deputados precisam de viajar tanto?

Na sua edição de ontem o jornal i anunciou que o Parlamento estava fora de controlo e que era impossível fiscalizar se os pagamentos feitos aos deputados lhes eram devidos, destacando que em 2017 tinham sido feitos pagamentos de viagens no valor de 3 milhões de euros.
Nos últimos tempos os jornais impressos ou televisionados têm-se transformado em verdadeiros panfletos e o primeiro dever de qualquer leitor ou espectador é duvidar de tudo o que eles dizem, que pode ser verdadeiro ou não. Por isso, peguei numa calculadora e fui fazer contas, verificando que aquela despesa correspondia a cerca de 13.040 euros anuais e a cerca de 1086 euros mensais por cada deputado. A ser verdade é um caso escandaloso, porque ninguém percebe as razões pelas quais os deputados viajam tanto. 
Muitos daqueles que nos representam no Parlamento e que tanto têm feito para desacreditar a Democracia, deveriam ser um exemplo de cidadania mas parece que se deslumbram com a facilidade com que acumulam benesses ao seu salário que, não sendo muito elevado, está largamente acima da média dos salários daqueles que os elegeram.
O problema poderá estar nas generosas dotações orçamentais do Parlamento, provavelmente acima das possibilidades dos contribuintes. Repare-se que em 2019 o funcionamento do Parlamento vai custar 83 milhões de euros aos portugueses, dos quais 51 milhões para despesas com pessoal onde, por exemplo, se incluem um subsídio de 14.017 euros para o Grupo Desportivo Parlamentar e um outro subsídio de 46 mil euros para a Associação dos ex-Deputados. Com dinheiro para estas coisas, também não faltará dinheiro para viajar e passa a funcionar a lei da oferta e da procura, isto é, havendo oferta de dinheiro, há mais procura de viagens.
Será que os deputados precisam de viajar tanto?