segunda-feira, 5 de agosto de 2019

As armas de fogo e o choro da América

Nas últimas horas a América tremeu devido à violenta ocorrência de dois tiroteios e, na sua edição de hoje, o jornal Houston Chronicle escolheu como título a frase “uma nação chora”.
Aconteceu um tiroteio na manhã do passado sábado num centro comercial em El Paso, no Texas, de que resultaram 20 pessoas mortas e mais de duas dezenas de feridos; cerca de 13 horas depois, num bar em Dayton, no Ohio, aconteceu um outro tiroteio de que resultaram 9 mortos e mais 27 feridos. Perante estes dois casos, ambos resultantes do racismo branco e do seu radicalismo de ódio e violência, a imprensa americana não só relatou a dor que afectou a sociedade americana, mas também reagiu contra a facilidade com que é possível aos americanos possuir armas de fogo em sua casa e, de vez em quando, utilizá-las na rua. Porém, o assunto é muito antigo e não parece que o lóbi da National Riffle Association abdique das suas posições liberais nesta matéria e que os americanos venham a ser limitados na sua liberdade de compra de armas de fogo.
O facto é que as estatísticas mostram que todos os dias morrem 85 pessoas vitimadas por armas de fogo e que, com os dois casos ocorridos do passado fim-de-semana e quando se está no 216º dia do ano, segundo a Gun Violence Archive já estão contabilizados 251 tiroteios, em cada um dos quais morreram “pelo menos quatro pessoas excluindo o atirador”. Muitos políticos exigem leis mais rigorosas para a posse de armas e acusam Donald Trump de estar a alimentar tensões raciais, designadamente com o seu declarado ódio aos hispânicos, responsabilizando-o pelo que aconteceu em El Paso e em Dayton.  
Depois de cada massacre a América fica chocada com as tragédias e chora, mas nada tem feito para combater esta realidade que faz do país mais poderoso do mundo, também um dos mais perigosos países do planeta.