Em Lisboa, na Rua Tenente Espanca, mesmo em frente das instalações da Fundação Gulbenkian, foi colocado um conspícuo anúncio relativo a um problema concreto (a desarmonia conjugal ou o arrefecimento dos afectos) e à venda de um serviço que resolve esse problema (a Amarração por Amor). O serviço é prestado por alguém que se intitula “especialista em unir casais” e é, claramente, um caso que se enquadra na Lei da Oferta e da Procura!
Aparentemente é um serviço que se baseia em artes mágicas e que trata das ditas amarrações e de encantamentos, exorcização de más influências, descarrego de mau-olhado, pactos para enriquecimento, desligamento de enguiços, rituais de união perpétua, eu sei lá que mais. Habitualmente, tudo isto era anunciado com alguma discrição, através do chamado pequeno anúncio de jornal ou da entrega directa de cartões, flyers ou folhetos, mas agora assumiu um carácter mais profissionalizado e chegou ao espaço público com grandes cartazes. É uma novidade. Há clientela! Contudo, a curiosidade maior será, porventura, o “pagamento após resultado”, isto é, o serviço só ser pago quando a “amarração” estiver assegurada.
Se este serviço de Amarração por Amor fosse utilizado pelos nossos políticos, sobretudo quando fazem coligações, não aconteceriam tantos amuos como aqueles a que temos assistido entre os pedros e os paulos. Além disso, se o nosso pagamento que tem a forma de impostos, fosse feito após o resultado, certamente muito dinheiro pouparíamos.