sábado, 25 de novembro de 2017

Há ou não paz duradoura na Colômbia?

Durante algumas dezenas de anos a Colômbia foi um palco onde actuaram contra o governo nacional diversos grupos armados de inspiração revolucionária, tendo resultado desse conflito mais de 250 mil mortos.
Há um ano Juan Manuel Santos, o presidente da Colômbia, e Rodrigo Londoño, codinome "Timochenko", o principal dirigente das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), assinaram em Havana um cessar-fogo que terminava com mais de cinquenta anos do conflito armado. Mais recentemente, também o ELN (Exército de Libertação Nacional) e o governo colombiano reunidos em Quito anunciaram um cessar-fogo, que estabelece uma trégua que, desejavelmente, conduzirá a um cessar-fogo definitivo. Significa que os 7000 guerrilheiros das FARC entregaram as armas e que os 1500 guerrilheiros do ELN estão com as armas descarregadas.
As FARC já decidiram transformar-se num partido político, sem armas, baptizado como Força Alternativa Revolucionária do Comum, de forma a manter a sigla FARC e apresentar-se ao eleitorado colombiano com uma rosa vermelha como símbolo, enquanto na eleição presidencial que se realizará no dia 27 de Maio de 2018 irá apresentar como seu candidato Rodrigo Londoño, o médico de 59 anos de idade que é o seu principal dirigente.
Quem não está no convento, não sabe o que lá vai dentro. Há, por isso, muitas coisas que nós não sabemos. Quando hoje o diário El Colombiano se questiona ¿Un año en paz?, apenas reflecte as grandes dificuldades por que passa o processo de paz, com uns a entender que se foi longe demais (os apoiantes do governo) e outros a considerar que os compromissos assumidos estão por cumprir (os ex-guerrilheiros), havendo quem ainda ande de armas na mão.
De facto, há muitos e complexos problemas para resolver e a entrega do Prémio Nobel da Paz a Juan Manuel Santos em 2016, não pode descansar a comunidade internacional nem as Nações Unidas, que tanto se empenharam neste processo. A paz na Colômbia já deu passos importantíssimos, mas ainda falta muito para lá chegar sem retorno.

Um novo e melhor caminho para Angola

A República Popular de Angola tem desde o  dia 26 de Setembro de 2017 um novo Presidente, escolhido nas eleições gerais realizadas no dia 23 de Agosto. Depois de Agostinho Neto e de José Eduardo dos Santos, o terceiro presidente angolano chama-se João Lourenço.
Em menos de dois meses, o novo Presidente mostrou trabalho e determinação, pois procedeu à exoneração das administrações de várias empresas estatais dos sectores dos diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriormente nomeadas por José Eduardo dos Santos. No entanto, a decisão mais surpreendente foi a exoneração de Isabel dos Santos, filha do anterior Presidente, do cargo de presidente da Sonangol, bem como o afastamento de alguns membros da mesma família de altos cargos da administração angolana.
A oposição tem elogiado a “revolução” que está a ser feita por João Lourenço que nos seus discursos tem salientado a vontade de moralizar a sociedade angolana e de combater eficazmente as práticas correntes de gestores e de funcionários que lesam o interesse público. Porém, as corajosas medidas que estão a ser tomadas não são do agrado geral e há algum mal-estar no seio do MPLA entre os apoiantes das novas políticas e os chamados “eduardistas” que, de certo modo, têm sido o alvo das medidas de saneamento da sociedade que estão a ser tomadas.
Era conhecido o apoio dos Estados Unidos às iniciativas de João Lourenço, mas a sua visita a Pretória e o entusiasmo com que ontem foi recebido pelo Presidente Jacob Zuma, abrem novas e muito positivas perspectivas para Angola, mas também para o entendimento e a cooperação futuros do sul da África. O Jornal de Angola referiu-se a um dia histórico e é verdade, sobretudo se pensarmos que, ainda há bem pouco tempo, os dois países estiveram envolvidos numa dura e prolongada guerra.
Quando regressar a Luanda, João Lourenço chegará mais forte e mais confiante quanto ao caminho que iniciou para fazer de Angola um país melhor.