quinta-feira, 30 de junho de 2022

A Escócia e a sua luta pela independência

A Escócia é um país que em 1707 se uniu com a Inglaterra e formou a Grã-Bretanha, a qual mais tarde se associou com o País de Gales e com a Irlanda do Norte, passando a constituir o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda ou, simplesmente, Reino Unido.
Os escoceses, que são mais de cinco milhões de pessoas, têm uma forte identidade nacional e profundos sentimentos autonomistas, havendo muitos deles que defendem ideais independentistas.
Em 2014, após um acordo entre os governos do Reino Unido e da Escócia, foi realizado um referendo em que foi perguntado aos eleitores se “a Escócia deve ser um país independente?”, tendo havido 44,7% que votaram sim e 55,3% que votaram não.
Seguiu-se em 2016 um referendo geral sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia em que o brexit ganhou com 51,9% dos votos, mas a Escócia votou maioritariamente pela permanência na União Europeia com 62% dos votos. Esse resultado mostrou um maior distanciamento de Edimburgo em relação a Londres e, no dia seguinte à votação, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon que lidera o Partido Nacional Escocês pró-independência, afirmou que um segundo plebiscito pela independência da Escócia estava em cima da mesa. Porém, as vicissitudes por que passou o brexit e a pandemia de covid-19 atrasaram essa intenção, até que as excentricidades de Boris Johnson e o sucesso do seu partido nas eleições locais do ano passado, fizeram renascer a ideia de um segundo plebiscito que Nicola Sturgeon quer que seja realizado no dia 19 de Outubro de 2023. No entanto, o governo escocês não tem autonomia total para realizar esta consulta popular e precisa da prévia autorização do Supremo Tribunal, ou seja, a intenção de Sturgeon é, por agora, apenas isso.
O jornal The National, the newspaper that supports an independence, foi o jornal escocês que mais destaque deu à intenção de realizar um segundo referendo e diz aos seus leitores que têm apenas 16 meses “to save Scotland from Westminster”.

Novo aeroporto revela uma “nau à deriva”

Esta manhã o país foi surpreendido com uma notícia sobre o novo aeroporto de Lisboa veiculada pelo jornal Público, que informava que o governo “quer o Montijo em 2026 e Alcochete em 2035” e publicava uma fotografia aérea da área aeroportuária do Montijo. Assim, segundo anunciava o jornal com base num despacho do Ministério das Infraestruturas, a intenção é avançar com as obras no Montijo para que em 2026 possa ser uma infraestrutura complementar da Portela, ao mesmo tempo que se começa a avançar com uma nova infraestrutura aeroportuária a construir de raiz no Campo de Tiro de Alcochete para concluir em 2035, altura em que o aeroporto da Portela será encerrado e libertará a cidade de Lisboa dos seus indesejáveis efeitos ambientais. O mesmo despacho indicava que o processo de Avaliação Ambiental Estratégica em curso passava a ser da responsabilidade do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
A notícia deixou-me optimista, porque era o início do fim de um problema que se arrasta há 53 anos! De facto, foi através do Decreto-lei 48.902, de 8 de Março de 1969, que o governo de Marcello Caetano criou o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa (GNAL) destinado "a empreender, promover e coordenar toda a actividade relacionada com a construção do novo aeroporto de Lisboa". Desde então avançou-se e recuou-se, envolveram-se interesses contraditórios, perdeu-se tempo e gastou-se dinheiro, houve um incontável número de opiniões expressas por especialistas e não especialistas e até houve soluções tão diversas como a Ota e Beja, Alverca, Alcochete e o Montijo.
Parecia que, finalmente, o problema ia agora começar a ser resolvido. Aleluia, pensei eu! Porém, foi sol de pouca dura. O despacho do Ministério das Infraestruturas foi precipitado e rapidamente foi revogado. Aparentemente, nem o 1º Ministro, nem o Presidente da República, nem os partidos da oposição foram ouvidos numa matéria de relevante interesse nacional. Uma gaffe monumental a manchar ainda mais esta história de incompetência e hesitação de 53 anos. O recuo foi uma humilhação política para o ministro e um sinal de descontrolo do governo. Tal como na Saúde ou na Justiça, na Educação ou na Administração Pública, a nau governativa parece andar à deriva e, nos tempos que correm, isso é muito mau.