Vladimir Putin
ordenou às suas tropas que, por ocasião do Natal ortodoxo, respeitem um
cessar-fogo a partir do meio-dia de sexta-feira (dia 6), até à meia-noite de
sábado (dia 7), isto é, durante 36 horas. Tanto a Ucrânia como a União Europeia
desvalorizaram esta iniciativa russa e acusaram Putin de hipocrisia, pois não
será outra coisa que não seja uma manobra para ganhar tempo para o
reagrupamento das suas tropas e de uma iniciativa que visa restaurar a sua
afectada reputação internacional.
Em diferente sentido
se pronunciou o Papa Francisco e António Guterres que consideraram positiva a
declaração do cessar-fogo, “se não houver pessoas a morrer nestes dois dias”,
mas acrescentando que serão importantes verdadeiras negociações para um
cessar-fogo definitivo na Ucrânia. Porém, poucas horas antes do previsto
período de cessar-fogo, que tinha um valor simbólico e podia ser um ponto de
partida para futuras negociações, a Ucrânia rejeitou a proposta russa. O facto é que prosseguiram os duelos de artilharia na região de Bakhmut e a Rússia tratou de acusar a
Ucrânia por atacar Donetsk.
Na sua edição de
hoje, o jornal francês Le Télégramme noticia este ensaio de cessar-fogo que afinal parece não estar a ser cumprido, interrogando-se sobre o
que virá depois. De facto, as duas partes mostram desconfiança entre si,
anunciam o reforço de armamento e armas ainda mais potentes, incluindo novos
carros de combate franceses e alemães e mísseis hipersónicos russos.
A escalada do
conflito é evidente e preocupante. A destruição no território ucraniano e a perda de vidas já são catastróficas. Os efeitos sobre a qualidade de vida dos europeus são cada vez mais notórios. O
cessar-fogo e a paz que são tão desejáveis, parecem estar a ficar mais longe.
É
mesmo um mau princípio de ano.