segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Sauditas e iranianos em vias de confronto

Há uma grande refinaria e um campo de exploração petrolífera a arder na Arábia Saudita, em consequência de um ataque ocorrido no passado sábado em que foram lançados dez drones contra a refinaria de Abqaiq e o campo de Khurais. Estes ataques já foram reivindicados pelos rebeldes iemenitas houthis, mas os americanos não acreditam nessa declaração e acusam o Irão de estar por trás deste ataque. Entretanto, o The New York Times publicou uma fotografia satélite do enorme incêndio nessa refinaria.
O ataque, aparentemente muito eficaz, terá sido feito como reacção aos ataques aéreos e incursões militares sauditas, que têm sido dirigidos contra as regiões do Iémen que os rebeldes controlam, incluindo a sua capital Sanaa. Nos últimos meses, os rebeldes houthis, que são apoiados pelo Irão, realizaram uma série de bombardeamentos fronteiriços com mísseis e drones contra bases aéreas sauditas e outras instalações no país, o que tem sido condenado pelos países ocidentais que acusam o regime de Teerão de fornecer armas ao grupo, o que tem sido negado pelos iranianos.
Os ataques de sábado provocaram grandes incêndios na refinaria que é a maior instalação mundial de processamento de petróleo e um dos maiores campos de extracção de petróleo, ambos operados pela gigante estatal saudita Saudi Aramco – Saudi Arabian Oil Company.
Com este ataque, a capacidade de produção diária da Arábia Saudita foi reduzida para menos de metade, o que significa um corte de 5% na oferta mundial do produto e uma ameaça para a estabilidade dos preços, o que pode dar origem a uma escalada na sua cotação nos mercados mundiais.
Esta ocorrência também veio aumentar a tensão entre os Estados Unidos e o Irão, que não cessam de fazer recíprocas ameaças, além de mostrar que a rivalidade política e religiosa nas margens do golfo Pérsico ou entre o Irão e a Arábia Saudita, continua a ser um foco de preocupação mundial.

Espanha: o desporto e a unidade nacional

Todos os jornais espanhóis, mas todos sem excepção, destacam hoje com grandes fotografias de primeira página a conquista pela selecção de Espanha do título de campeã mundial de basquetebol, o que é realmente um feito desportivo notável.
De Madrid à Catalunha, da Cantábria à Andaluzia ou das Baleares às Canárias, a imprensa publica a fotografia dos campeões que “conquistaram o mundo” e dedica-lhes adjectivos como invencíveis, gigantes, gloriosos ou reis do mundo. É uma notável unanimidade que “esquece” outros acontecimentos do momento ou outras rivalidades que estão vivas, como o julgamento do procés catalão, o final de La Vuelta ou a gota fria que afectou o Levante ou, até, os desencontros entre Sanchez e Iglésias para formar ou não formar governo. Esta generalizada uniformidade informativa revela a força do desporto, enquanto cimento que aglutina e reforça a unidade nacional. Por um dia, não há catalães nem bascos, nem galegos ou castelhanos, mas apenas orgulhosos espanhóis.
Os sucessivos governos espanhóis, sobretudo depois da reinstauração da Democracia e da criação das regiões autónomas, compreenderam que no meio das diferenças históricas, culturais e linguísticas, o fenómeno desportivo seria um elemento de coesão nacional, pelo que afectaram sempre generosas fatias orçamentais à promoção da sua prática. Os resultados têm sido compensadores porque a Espanha se tornou realmente numa potência desportiva mundial em diversas modalidades e não apenas no basquetebol.