Durante
mais de cinquenta anos a Euskadi Ta Askatasuna, mais conhecida pela sigla ETA, foi um símbolo
das aspirações independentistas bascas, mas também foi um instrumento da luta
armada e da violência no País Basco do Sul, que inclui as províncias espanholas
de Alava, Biscaia, Guipúscoa e Navarra. A ETA foi fundada em 1959 e as suas
acções violentas iniciaram-se em 1968, tendo-se traduzido na morte de 829
pessoas e em ferimentos em alguns milhares, para além de algumas dezenas de
sequestros.
Durante a ditadura
franquista, a ETA teve o apoio da população basca e algum apoio internacional,
mas com a democratização e a integração europeia da Espanha, a organização foi
perdendo militantes, viu muitos dos seus dirigentes serem presos e tornou-se
cada dia mais fraca.
Cada vez mais isolada
socialmente e mais vulnerável à pressão policial das autoridades espanholas,
mas também das autoridades francesas do País Basco do Norte, em 2011 a ETA anunciou o fim
das suas actividades ou, como então salientou, um cessar-fogo. Há poucas
semanas , a organização anunciou que no dia 8 de Abril faria a entrega de todo
o seu armamento às autoridades francesas sob a supervisão de uma Comissão Internacional de Verificação. Ontem,
no início do dia e conforme fora anunciado foi entregue às
autoridades judiciais uma lista com a localização dos oito depósitos
de armas, situados nos Pirenéus Atlânticos, onde se encontravam
118 armas, quase três toneladas de material para fabricar explosivos, muitos detonadores
e 25.700 munições. A imprensa espanhola, como por exemplo o El Mundo, deu hoje um
grande destaque a este acontecimento que significa o fim da luta armada da ETA,
sem quaisquer condições. Agora é o tempo da justiça, da reconciliação, da paz e
da luta política democrática, em que a Espanha terá que ter a sensibilidade
democrática de respeitar o espaço cultural basco, porque o nacionalismo basco é
centenário e não morreu.