No panorama da
imprensa moçambicana têm aparecido notícias relativas a algumas situações de
confronto armado entre as forças governamentais e elementos da Renamo, mas
ontem houve um jornal que foi mais longe. O jornal gratuito @ Verdade
que se publica em Maputo, destacou na sua primeira página que “há guerra em
Moçambique”. Será uma guerra não declarada e por agora limitada às províncias
de Sofala e Nampula, mas a violência está a alastrar, há pessoas a morrer, há
bens materiais que estão a ser destruídos e a economia já está a ser afectada.
Há tensões que se
têm acumulado ao longo do tempo, mas existe um Parlamento com deputados da
Frelimo e da Renamo e havia algumas negociações para ultrapassar os problemas,
um dos quais é o facto da Renamo ser um partido armado. Essa realidade existe
desde há duas dezenas de anos, pois os acordos de paz assinados em Roma entre a
Frelimo e a Renamo no ano de 1992, tinham previsto a manutenção de uma bolsa
residual de homens armados da Renamo para protecção do seu líder, que seriam
gradualmente integrados na Polícia. Porém, isso nunca aconteceu e deu origem ao
paradoxo que é a existência da Renamo como um partido político armado, uma
situação que o governo da Frelimo não aceita. Assim, as Forças Armadas ocuparam
a principal base da Renamo, o que levou à fuga de Afonso Dhlakama e ao desencadear de algumas acções de
guerrilha por parte da Renamo.
Naturalmente, o
governo moçambicano pretende legitimamente desarmar a Renamo, mas esse
desarmamento deverá ser concretizado através do diálogo e da negociação e nunca
através da via militar, pois a guerra tem um alto preço que o povo moçambicano
bem conhece. Por isso, o Chefe do
Estado Armando Guebuza e o líder da Renamo Afonso Dhlakama devem rapidamente
sentar-se à mesa e dizer não à guerra. Haja quem os mobilize para o diálogo.