sábado, 2 de novembro de 2013

Há guerra em Moçambique

No panorama da imprensa moçambicana têm aparecido notícias relativas a algumas situações de confronto armado entre as forças governamentais e elementos da Renamo, mas ontem houve um jornal que foi mais longe. O jornal gratuito @ Verdade que se publica em Maputo, destacou na sua primeira página que “há guerra em Moçambique”. Será uma guerra não declarada e por agora limitada às províncias de Sofala e Nampula, mas a violência está a alastrar, há pessoas a morrer, há bens materiais que estão a ser destruídos e a economia já está a ser afectada.
Há tensões que se têm acumulado ao longo do tempo, mas existe um Parlamento com deputados da Frelimo e da Renamo e havia algumas negociações para ultrapassar os problemas, um dos quais é o facto da Renamo ser um partido armado. Essa realidade existe desde há duas dezenas de anos, pois os acordos de paz assinados em Roma entre a Frelimo e a Renamo no ano de 1992, tinham previsto a manutenção de uma bolsa residual de homens armados da Renamo para protecção do seu líder, que seriam gradualmente integrados na Polícia. Porém, isso nunca aconteceu e deu origem ao paradoxo que é a existência da Renamo como um partido político armado, uma situação que o governo da Frelimo não aceita. Assim, as Forças Armadas ocuparam a principal base da Renamo, o que levou à fuga de Afonso Dhlakama e ao desencadear de algumas acções de guerrilha por parte da Renamo.
Naturalmente, o governo moçambicano pretende legitimamente desarmar a Renamo, mas esse desarmamento deverá ser concretizado através do diálogo e da negociação e nunca através da via militar, pois a guerra tem um alto preço que o povo moçambicano bem conhece. Por isso, o Chefe do Estado Armando Guebuza e o líder da Renamo Afonso Dhlakama devem rapidamente sentar-se à mesa e dizer não à guerra. Haja quem os mobilize para o diálogo.