A época da
lampreia está a começar e os muitos apreciadores desta requintada iguaria já
estarão a organizar as suas incursões aos mais afamados restaurantes que incluem
este pitéu nas suas ementas, sobretudo em Lisboa e no Porto. É um ritual que
decorre de finais de Janeiro até meados de Abril, ao qual não me associo, mas
que entusiasma os mais exigentes gastrónomos ou, por outras palavras, é um
ritual que desperta amores e ódios de semelhante intensidade.
De acordo com o
meu amigo Google, as lampreias são uma espécie de ciclóstomos de água doce, com
forma de enguia mas sem maxilas, pertencentes à família Petromyzontidae, mas de
facto são um bicho muito feio e muito esquisito. Vivem no mar mas desovam nos
rios e é aí que são capturadas.
A lampreia é
muito apreciada no sul da Europa, sobretudo no noroeste da península Ibérica,
isto é, na Galiza e no Minho, sendo confeccionada de diferentes formas, mas domina
o arroz de lampreia, muito semelhante ao arroz de cabidela, a lampreia à
bordalesa, a lampreia assada no espeto e a lampreia de escabeche mas, pela sua
raridade, é sempre vendida a preços muito elevados.
Hoje o diário el
Correo Gallego de Santiago de Compostela destaca com uma fotografia na sua primeira página a captura das primeiras lampreias do ano no Ulla, o rio que
separa as províncias da Corunha e Pontevedra e que é o segundo rio mais
importante do noroeste ibérico, depois do rio Minho. As duas lampreias
capturadas no rio Ulla pesavam 800 e 600 gramas , foram vendidas por 150 euros por
unidade e, segundo refere o jornal, foram compradas pelo gerente dos
restaurantes Flavia e Santiaguiño!
Porém, a lampreia
do rio Minho é considerada a melhor do mundo, sobretudo a que é capturada em
São Pedro da Torre e Cristelo Côvo, já próximo de Valença. Que os interessados
não percam esta iguaria, mas que preparem as carteiras...