sexta-feira, 22 de junho de 2018

A Gare do Oriente e a nova arquitectura

A Gare do Oriente ou Estação Ferroviária de Lisboa – Oriente é uma importante infraestrutura projectada pelo famoso arquitecto espanhol Santiago Calatrava, que foi concluida em 1998 por ocasião da Expo98 e que se afirmou de imediato como um dos mais expressivos exemplos de arquitectura contemporânea da cidade de Lisboa.
Depois, o bom gosto e a nova arquitectura parece terem assentado arraiais e as ideias amadureceram, começando a surgir obras de grande qualidade estética, sobretudo na chamada frente ribeirinha de Lisboa, por vezes associadas a renovações e transformações do tecido urbano, como aconteceu na Ribeira das Naus, no Cais do Sodré e no Campo das Cebolas. Como exemplos dessa nova atitude surgiram o Centro Champalimaud (Charles Corrêa, 2011), o Museu Nacional dos Coches (Paulo Mendes da Rocha, 2015), a nova sede da EDP (Aires Mateus, 2015), o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Amanda Levete, 2016) e o Terminal de Cruzeiros de Lisboa (João Carrilho da Graça, 2017).
Embora se enquadrasse no espírito renovador associado à Expo98 e às várias obras então projectadas e construídas, a Gare do Oriente de Santiago Calatrava foi precursora de uma nova atitude quanto à modernização da cidade através da arquitectura. E tem resultado. E Lisboa está melhor. Por isso, aqui deixo uma singela fotografia de um detalhe do tecto da Gare do Oriente, que diariamente avisto da minha janela.

Uma nova ordem social na Arábia Saudita

A partir do próximo domingo, dia 24 de Junho, as mulheres sauditas já poderão conduzir os seus automóveis nas estradas da Arábia Saudita e esse será o aspecto mais visível de uma nova política social iniciada por Muhammad bin Salman, o poderoso príncipe herdeiro saudita de 32 anos de idade. N asua mais recente edição, a revista The Economist dedica uma extensa reportagem a esta “revolução social saudita”.
Os cinemas de Riyadh abriram as suas portas e os homens já podem sentar-se ao lado das mulheres, pode ouvir-se música nas ruas e as mulheres já frequentam os parques de diversão onde conduzem carros eléctricos. O Comité para a Prevenção do Vício e a Promoção da Virtude, perdeu o poder de impor a moralidade pública, embora muitos religiosos islâmicos prevejam o aumento da imoralidade e condenem esta medida liberalizadora com argumentos retrógrados como por exemplo o de que “as mulheres só têm meio cérebro” ou que “a condução afecta os seus ovários”.
Há uma nova geração rica e cosmopolita em torno do jovem príncipe herdeiro saudita que quer a liberalização social e a transformação da sociedade, acabando com os códigos islâmicos ultra-rigorosos, ao mesmo tempo que ambiciona a diversificação da sua economia que é demasiado dependente do petróleo.  
Os hábitos islâmicos moderados dos seus vizinhos do Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos e do Qatar são uma fonte inspiradora para os sauditas, porque não faz sentido poder ir livremente ao cinema no Dubai e não poder ver cinema na Arábia Saudita, por aí ser contra a vontade de um Deus que é exactamente o mesmo.
Nesta liberalização saudita há um pormenor muito curioso, porque a promoção do islamismo moderado está a aproximar a Arábia Saudita de Israel, o que está a fazê-los passar de inimigos a aliados, o que até parece um paradoxo mas que resulta do medo comum que naquela região todos têm do Irão.