A guerra na Faixa
de Gaza prossegue com uma violência extrema que não poupa nada nem ninguém e sem
que Israel dê ouvidos à comunidade internacional, que exige uma pausa
humanitária ou um cessar-fogo, bem como o estabelecimento de corredores humanitários
para assegurar o apoio a cerca de dois milhões de palestinianos que estão
cercados e sujeitos a intensos bombardeamentos. As imagens televisivas mostram indescritíveis
níveis de destruição, a que se juntam os ataques a campos de refugiados e a
ambulâncias, que matam civis e que, como tal, são classificáveis como crimes
de guerra, tão graves como as barbaridades cometidas pelo Hamas. O mundo
desaprova esta reacção desproporcionada e vingativa do governo de Israel, parecendo
evidente que, na linha da política expansionista que adoptou desde 1948, está a
aproveitar a crueldade da acção do Hamas para continuar a expulsar os
palestinianos dos seus territórios, o que configura uma situação de genocídio. O
governo de Israel está cada vez mais isolado e até os Estados Unidos que são os
seus principais aliados, defendem uma “pausa humanitária”, a protecção da
população civil e muita moderação, enquanto os países árabes da região começam
a unir-se contra a intervenção israelita.
A situação é
acompanhada em Portugal pelas televisões e custa a ver como há tantos
vira-casacas, isto é, gente que passou de um apoio evidente aos israelitas,
para a condenação dos seus bárbaros bombardeamentos, ou gente que começou a
criticar Guterres e agora considera que ele teve a palavra certa, no local e no
tempo certos. Um grande número de comentadores, em vez de mostrar moderação, prefere
alinhar com o radicalismo vingativo de Benjamin Netanyahu e da sua gente,
defendendo que os bombardeamentos israelitas e as mortes de civis são simples e
inevitáveis efeitos colaterais, no que mostram uma enorme insensibilidade.
Na sua edição de
hoje, o jornal argelino Le Jeune Indépendant noticia o
bombardeamento deliberado de ambulâncias e utiliza a expressão “le nazisme
sioniste”, o que parece traduzir uma crescente unidade árabe contra os
israelitas e a sua estratégia de expansão territorial à custa dos palestinianos.