domingo, 28 de fevereiro de 2021

Até na corrida às vacinas há corrupção

O primeiro dia de vacinação contra o covid-19 em Portugal aconteceu no dia 27 de Dezembro de 2020 e, nesse dia, foram vacinadas 4.534 pessoas. Escreveu-se então que foi um dia histórico para a generalidade dos países da União Europeia que, nesse dia, iniciaram os seus programas de vacinação. A rapidez com que foi descoberta a vacina foi um notável feito científico e gerou naturais expectativas no mundo. 
Todos querem ser vacinados, todos querem proteger-se dos efeitos da pandemia. Porém, como resultado da investigação científica surgiram vacinas que, embora de diferente grau de eficácia, geraram a encomenda de muitos milhões de unidades que os laboratórios não têm conseguido satisfazer. Daí resulta a escassez de vacinas e, o desfasamento entre a oferta e a procura, com muitos desvios aos planos de vacinação e com algumas distorções, por vezes desonestas, na sua aplicação.
No caso da Argentina, um país de 45 milhões de habitantes, aconteceu que nem a BioNTech-Pfizer, nem a AstraZeneca, nem Moderna, forneceram as vacinas de que o país precisava, pelo que as autoridades argentinas recorreram à Rússia que lhes forneceu a Sputnik V, tornando-se o terceiro país do mundo a utilizar a aquela vacina. Porém, porque foi intensa a corrida à vacinação ou porque o país vive sem regras, foram criadas listas de privilegiados ou listas VIP para favorecimento de parentes e de amigos, mostrando que a corrupção argentina tomou conta do processo. Milhares de pessoas denunciaram este escândalo e manifestaram-se em várias cidades do país, incluindo Buenos Aires, tendo o jornal Clarín publicado a fotografia da grande manifestação de protesto realizada na Plaza de Mayo, em frente da famosa Casa Rosada, a sede da presidência da República Argentina.