terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um grande livro que nos fala de Goa

Era uma vez em Goa, o romance publicado em Fevereiro de 2015 por Paulo Varela Gomes e editado pelas Edições Tinta da China, ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela de 2015 atribuido pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), em parceria com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. O prémio foi criado em 1982 e, nesta sua 34ª edição a que concorreram 104 obras, o júri de cinco membros deliberou a atribuição do prémio por unanimidade.
Paulo Varela Gomes faleceu no dia 30 de Abril de 2016 e não teve a satisfação de ver a sua obra premiada com tão importante galardão, antes atribuído a figuras de grande relevo na literatura portuguesa como José Cardoso Pires, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio, António Lobo Antunes, David Mourão-Ferreira, João de Melo, José Saramago, Lídia Jorge e Vasco Graça Moura, entre outros escritores.
Na memória dos seus amigos, nos quais me encontro, não fica apenas a recordação de um historiador e de um crítico de arte, nem a lembrança da sua inteligência, do seu inconformismo e da sua qualidade intelectual e académica, mas também a fulgurante prosa de um grande escritor.
Era uma vez em Goa é um livro irresistível devido ao engenho e ao talento do autor, cuja liberdade narrativa é muito viva no tratamento da herança cultural portuguesa em Goa, com a sua perspicácia e a sua observação bem humorada a atrair o leitor que se sente a percorrer aquele território, devido às abundantes referências às suas paisagens, às suas artes e ao seu património cultural.
O Grande Prémio de Romance e Novela de 2015 foi entregue ontem na Fundação Calouste Gulbenkian à sua mulher Patrícia pelo Ministro da Cultura, por acaso amigo de longa data de Paulo Varela Gomes. Aos leitores deste meu texto deixo apenas uma recomendação: leiam Era uma vez em Goa.