segunda-feira, 4 de junho de 2012

Os jacarandás já florescem em Lisboa

Os jacarandás já florescem em Lisboa e, em poucos dias, a sua exuberância cromática transforma o espaço público, parecendo anunciar o Verão ou um tempo de maior confiança e optimismo para os lisboetas. Como sempre, a partir de fins de Maio e até meados de Junho, a cidade parece animar-se com a luminosidade e a intensidade que veste muitas das suas praças e ruas com o azul-lilás ou o rosa-lilás das flores dos jacarandás e com os mantos de pétalas que se estendem pelo chão, nos passeios e sobre os carros. Há jacarandás por toda a cidade e li que serão cerca de dois mil e duzentos, correspondendo a cerca de 6% da superfície arbórea da cidade, sobretudo nas avenidas 5 de Outubro e Dom Carlos I, nos Largos do Rato e do Carmo, no Parque Eduardo VII, no Príncipe Real, na Tapada das Necessidades, na Ajuda, no Restelo e em tantos outros locais. É bom saber que há coisas que são belas e que não mudam, que fazem parte das nossas memórias alfacinhas e da identidade da nossa cidade, que estão para além da ganância e da mediocridade de tantos personagens do nosso tempo, mas também da crise do euro, da nossa dívida, do desemprego, da justiça que não funciona, dos escândalos financeiros, das promiscuidades nas secretas, da tristeza das programações televisivas, dos exageros com o futebol e do triste espectáculo que continuamente nos oferecem os relvas, os borges, os gonçalves, as esteves, os catrogas e os moedas. Esqueçamos tudo isso por instantes, naveguemos pelas ruas onde florescem os jacarandás, paremos alguns momentos para os observar e verifiquemos como é um privilégio poder contemplar tão belo espectáculo em Lisboa. E lembremos José Craveirinha, o poeta moçambicano dos “Jacarandás de Saudade”: Tempo / de seus passos vindo / pelo tapete de roxas flores / dos jacarandás enfileirados na rua.