A política internacional americana
conduzida pela extravagância de Donald Trump tem procurado, em diferentes
domínios, justificar a sua doutrina do MAGA,
isto é, do Make America Great Again
mas, em menos de dois meses, o mundo está confuso com o que se está a passar.
Segundo a mais recente edição do The Economist, durante várias
décadas os Estados Unidos apoiaram os seus amigos e aliados, dissuadindo os
seus rivais e adversários, mas agora parece que tudo mudou, pois estão a
afrontar os seus amigos e a fortalecer os seus adversários, sobretudo no que
respeita ao comércio internacional.
Donald Trump começou por impor tarifas
aduaneiras de 25% ao Canadá e ao México, designadamente nas importações do aço
e do alumínio, a que se seguiu a passagem de 10 para 20% das tarifas sobre as
importações chinesas. Depois virou-se para a União Europeia e “atacou” os
automóveis, mas já está a ameaçar com tarifas de 200% sobre vinhos e outras
bebidas alcoólicas.
Em termos económicos esta fórmula de protecionismo
é altamente arriscada e já está a provocar muita turbulência e a prenunciar uma
guerra comercial. A Economia é um sistema complexo em que a produção, o consumo
e o emprego, tal como a poupança e o investimento, ou as importações e as exportações,
se articulam num modelo que tem formulação matemática. Quando se alteram algumas
das variáveis desse modelo, as outras também são alteradas, podendo levar a que
os efeitos provocados sejam exactamente contrários aos que se desejavam.
Há duzentos anos o inglês David Ricardo
apresentou a sua Teoria das Vantagens Comparativas do Comércio Internacional,
demonstrando que com o comércio internacional todos ganhavam. Talvez a equipa
económica do DT ganhasse com a releitura da teoria de David Ricardo e que não
secundarizasse os seus amigos, porque os efeitos que pretende podem ser bem
diferentes do que aqueles que pretende.