Foi demasiado
rápido o que aconteceu no Afeganistão, com os Taliban a ocuparem as cidades,
incluindo Cabul, depois do anúncio da retirada americana. A longa guerra civil
afegã, afinal já era outra coisa porque uma das partes se encostou aos
americanos e, como se viu, criou a sua área de conforto e deixou de lutar.
Ninguém pensou que, depois de tantos anos de investimento americano em formação
e meios, fosse possível que as Forças Armadas do Afeganistão e os seus líderes
se rendessem tão cobardemente, que fugissem do país, que se entregassem sem
luta. Parece que ninguém pensou que o vazio deixado pela retirada americana
iria ser ocupado tão rapidamente pelos Taliban, com as suas exigências, a sua
violência e a sua anunciada crueldade. O pânico instalou-se e muitos temem ser
acusados de colaboracionistas. Em desespero, muitos querem abandonar o país. O
caos está instalado e, infelizmente, as piores notícias ainda estão para vir.
Os americanos
saem de onde nunca deviam ter entrado pois não tinham mandato das Nações
Unidas. Gastaram rios de dinheiro e tiveram milhares de baixas. Perderam a sua
aposta por não terem estudado a lição da derrota soviética de 1979-1989. Arrastaram
os seus parceiros da NATO para um cenário que não faz parte da sua área de
intervenção, nem dos seus interesses.
Agora o Emirado Islâmico do Afeganistão é uma realidade no centro
da Ásia, montanhoso e sem acesso ao mar, com fronteiras com o Irão, o
Paquistão, o Turcomenistão,
o Uzbequistão, o Tajiquistão e até com a China. Provavelmente vai ser o centro
do radicalismo islâmico e da instabilidade mundial.
Hoje, toda a imprensa mundial publica a fotografia de
um avião militar americano no aeroporto de Cabul, literalmente cercado por
aqueles que desesperadamente tentam fugir do terror Taliban.