terça-feira, 17 de agosto de 2021

O desespero afegão no aeroporto de Cabul

Foi demasiado rápido o que aconteceu no Afeganistão, com os Taliban a ocuparem as cidades, incluindo Cabul, depois do anúncio da retirada americana. A longa guerra civil afegã, afinal já era outra coisa porque uma das partes se encostou aos americanos e, como se viu, criou a sua área de conforto e deixou de lutar. Ninguém pensou que, depois de tantos anos de investimento americano em formação e meios, fosse possível que as Forças Armadas do Afeganistão e os seus líderes se rendessem tão cobardemente, que fugissem do país, que se entregassem sem luta. Parece que ninguém pensou que o vazio deixado pela retirada americana iria ser ocupado tão rapidamente pelos Taliban, com as suas exigências, a sua violência e a sua anunciada crueldade. O pânico instalou-se e muitos temem ser acusados de colaboracionistas. Em desespero, muitos querem abandonar o país. O caos está instalado e, infelizmente, as piores notícias ainda estão para vir.
Os americanos saem de onde nunca deviam ter entrado pois não tinham mandato das Nações Unidas. Gastaram rios de dinheiro e tiveram milhares de baixas. Perderam a sua aposta por não terem estudado a lição da derrota soviética de 1979-1989. Arrastaram os seus parceiros da NATO para um cenário que não faz parte da sua área de intervenção, nem dos seus interesses.
Agora o Emirado Islâmico do Afeganistão é uma realidade no centro da Ásia, montanhoso e sem acesso ao mar, com fronteiras com o Irão, o Paquistão, o Turcomenistão, o Uzbequistão, o Tajiquistão e até com a China. Provavelmente vai ser o centro do radicalismo islâmico e da instabilidade mundial.
Hoje, toda a imprensa mundial publica a fotografia de um avião militar americano no aeroporto de Cabul, literalmente cercado por aqueles que desesperadamente tentam fugir do terror Taliban.