Muito discretamente, foi hoje anunciado que o presidente da República
Portuguesa eleito por sufrágio universal em 23 de Janeiro de 2011, tinha
chegado a Seul. Fiquei muito surpreendido por mais uma viagem presidencial numa
altura em que, para além da nossa enfraquecida situação económica e financeira,
conforme nos foi repetidamente dito nos últimos três anos, também passamos
por uma preocupante e ainda mal definida situação de um dos maiores grupos
financeiros portugueses, senão mesmo do próprio sistema bancário. Apesar disso,
dois meses depois de uma grande viagem à China com mais de uma centena de
empresários, aí está mais uma viagem presidencial ao Oriente. São demasiadas
viagens para destinos exóticos. É gastar acima das nossas possibilidades. Além
disso, porque Sua Excelência não gosta de viajar sózinho,
leva
consigo uma alargada comitiva que integra membros do governo, dirigentes de 17
empresas e alguns representantes de universidades nacionais. Não havia
necessidade de, uma vez mais, levar tanta gente para este tipo de viagens que
não têm outro efeito prático que não seja o de gastar dinheiro com demasiados acompanhantes,
onde se incluem assessores, professores, jornalistas e empresários. O assunto está
estudado nas academias e a insistência neste tipo de viagens é um quase insulto
aos contribuintes portugueses. Após esta visita à Coreia do Sul o presidente
segue para Timor-Leste a convite do presidente Taur Matan Ruak, no âmbito da
reunião plenária da CPLP. Curiosamente, foi há dois anos que o presidente visitou
Singapura e a Austrália, além de Timor-Leste, o que confirma o seu gosto pelo
Oriente e pelo exotismo. Embora se compreenda esta visita institucional a
Timor-Leste, seria bom que a comitiva fosse limitada, porque o exibicionismo das
grandes comitivas nos ridiculariza e nos custa muito dinheiro.