Desde há alguns
meses que o crédito ao consumo não pára de crescer em Portugal e esse facto está
a começar a preocupar muita gente, sobretudo aqueles que sabem que não se pode consumir
acima daquilo que se produz, através do recurso ao crédito. A fórmula “consuma
agora e pague depois” regressou aos balcões da banca, parecendo que a banca e
as autoridades financeiras se esquecem que, ainda recentemente, tiveram que ser
os contribuintes, através dos impostos, que ir em socorro de uma banca gananciosa,
incompetente e impune quanto aos males
que trouxe ao nosso país. Na primeira metade do ano, os bancos e as sociedades
financeiras disponibilizarn perto de 3,7 mil milhões de euros em créditos ao
consumo, o que constitui um novo máximo nacional segundo o Banco de Portugal,
significando que, em média, os portugueses pediram mais de 20 milhões de euros
por dia em empréstimos desta natureza. Só
no mês de Maio foram concedidos 667 milhões de euros em créditos ao consumo, um
valor que representa um crescimento de 16% face ao mesmo período do ano
passado.
Esse crescimento foi impulsionado pelo crédito para compra de automóvel
que cresceu 15% e atingiu 288,8 milhões de euros. Nunca num mês tinha sido
concedido tanto crédito para a compra de automóvel e aí está a razão porque as
nossas estradas estão cheias de carros caros e novos.
Hoje o Jornal de Negócios destaca na sua primeira página que o “crédito
ao consumo volta a criar alarme”, salientando que o crédito às famílias continua
a aumentar e está em máximos de oito anos, parecendo estarem-se a repetir alguns
excessos do passado. Mesmo sem ter acesso a estatísticas para conhecer
exactamente a situação, também me parece que não se aprenderam as lições do
passado.
Podia
estimular-se a poupança e canalizá-la para o investimento produtivo, mas a
banca está mais interessada no chamado crédito pessoal para compra de habitação,
automóvel, férias, artigos para o lar e
outros bens e serviços. Será que se aproxima uma bolha de crédito?