domingo, 16 de abril de 2023

As reformas e a agitação social em França

Na sua campanha para as eleições presidenciais de 24 de Abril de 2022 que o reelegeram com 58,55% dos votos, o candidato Emmanuel Macron tinha defendido a necessidade de uma nova lei das pensões, para evitar a previsível rutura do sistema. No princípio do corrente ano, cumprindo o programa eleitoral de Macron, o governo francês apresentou um pacote legislativo que incluía como principal medida o alargamento da idade mínima da reforma de 62 para 64 anos e a necessidade de uma carreira contributiva de 43 anos para aceder a uma pensão de reforma a 100%. Esse alargamento será progressivo, ao ritmo de três meses por ano, com início no dia 1 de Setembro de 2023, pelo que a idade da reforma só atingirá os 64 anos em 2030.
Apesar do regime francês ser o mais favorável de toda a Europa, este anúncio provocou uma forte contestação dos sindicatos e dos partidos da oposição, sobretudo a extrema-direita de Marine Le Pen e a esquerda de Jean-Luc Mélenchon, tanto no parlamento como nas ruas. A contestação nas ruas tem sido muito violenta, com confrontos com a polícia, destruição de equipamento urbano, incêndios e até assaltos a esquadras da polícia, como as televisões nos vão mostrando. As forças contestatárias esperavam que o Senado e o Conselho Constitucional travassem as intenções do governo, mas assim não aconteceu. A validação das intenções governamentais pelo Conselho Constitucional foi o último acto desta disputa, representando uma vitória política de Emmanuel Macron, mas os sindicatos já prometeram que as próximas semanas serão de luta. A imprensa francesa tem dado voz a esta luta contra o alargamento da idade da reforma e o jornal Libération diz mesmo pas vaincus. Vêm aí dias difíceis para os franceses!