A guerra na Ucrânia tem estado em
banho-maria aparentemente devido ao cansaço das partes ou à falta de soldados e
de munições, mas nos últimos dias parece que algo está a mudar, com os
ucranianos e os seus apoiantes a mostrarem sinais de grande satisfação por
algumas vitórias. Inversamente, os russos de Vladimir Putin têm acumulado más
notícias e algumas derrotas tanto militares como políticas. O jornal sueco Expressen
destacou ontem em primeira página que “Putins kollaps”, o que significa “o
colapso de Putin”.
De facto, Putin sofreu vários revezes bem duros nos últimos
dias. O primeiro foi o recuo na região de Kharkiv que, em termos militares, foi
uma pesada derrota. O segundo revés foi a descoberta de uma vala comum com mais
de quatro centenas de corpos na cidade de Izyum, que repete o que aconteceu em
Bucha e que, supostamente, serão crimes de guerra. O terceiro revés aconteceu
em Samarkand, pois embora Putin se tivesse encontrado com Xi Jinping e com
Narendra Modi, os líderes dos dois mais populosos países do mundo e que possuem
armamento nuclear, nenhum deles expressou claro apoio a Putin, tendo mesmo
sugerido que era tempo de acabar com a guerra. Finalmente, um quarto revés foi
interno, pois algumas dezenas de autarcas de várias cidades russas assinaram
uma petição a pedir a demissão de Putin, porque a sua política prejudica o
futuro da Rússia e dos seus cidadãos.
Esta situação configura um desequilíbrio que pode conduzir a maiores dificuldades para uma desejável negociação da paz. O facto
é que o equinócio do outono se aproxima, mas Vladimir Putin parece que
antecipou o seu próprio outono.