domingo, 18 de setembro de 2022

A guerra na Ucrânia e o outono de Putin

A guerra na Ucrânia tem estado em banho-maria aparentemente devido ao cansaço das partes ou à falta de soldados e de munições, mas nos últimos dias parece que algo está a mudar, com os ucranianos e os seus apoiantes a mostrarem sinais de grande satisfação por algumas vitórias. Inversamente, os russos de Vladimir Putin têm acumulado más notícias e algumas derrotas tanto militares como políticas. O jornal sueco Expressen destacou ontem em primeira página que “Putins kollaps”, o que significa “o colapso de Putin”.
De facto, Putin sofreu vários revezes bem duros nos últimos dias. O primeiro foi o recuo na região de Kharkiv que, em termos militares, foi uma pesada derrota. O segundo revés foi a descoberta de uma vala comum com mais de quatro centenas de corpos na cidade de Izyum, que repete o que aconteceu em Bucha e que, supostamente, serão crimes de guerra. O terceiro revés aconteceu em Samarkand, pois embora Putin se tivesse encontrado com Xi Jinping e com Narendra Modi, os líderes dos dois mais populosos países do mundo e que possuem armamento nuclear, nenhum deles expressou claro apoio a Putin, tendo mesmo sugerido que era tempo de acabar com a guerra. Finalmente, um quarto revés foi interno, pois algumas dezenas de autarcas de várias cidades russas assinaram uma petição a pedir a demissão de Putin, porque a sua política prejudica o futuro da Rússia e dos seus cidadãos.
Esta situação configura um desequilíbrio que pode conduzir a maiores dificuldades para uma desejável negociação da paz. O facto é que o equinócio do outono se aproxima, mas Vladimir Putin parece que antecipou o seu próprio outono.