sábado, 7 de outubro de 2017

Mocímboa da Praia e as minhas memórias

Mocímboa da Praia é uma localidade por onde passam muitas das minhas memórias pessoais, consolidadas há muitos anos quando visitava a sua pequena baía e vestia a camisa do botão de âncora.
Localizada na costa moçambicana da província de Cabo Delgado e a menos de 100 quilómetros da fronteira com a Tanzânia, a vila apareceu ontem referida com grande destaque no diário moçambicano O País, com o título "Tensão em Mocímboa da Praia". As notícias referem que a povoação foi atacada por cerca de três dezenas de elementos fundamentalistas islâmicos que integram uma célula do grupo terrorista Al-Shabab, que também actua na Somália e no Quénia. O grupo terá atacado três ou quatro postos policiais e, segundo as informações disponíveis, nos confrontos havidos terão sido abatidos dez terroristas e detidos quinze, enquanto terão sido mortos quatro agentes policiais. Uma parte do grupo atacante parece ainda estar a ocupar parte da vila, pelo que a tensão é muito grande, com as ruas desertas e quase todo o comércio e serviços fechados, incluindo as instituições estatais.
A presença em território moçambicano deste grupo fundamentalista islâmico, que é formado maioritariamente por jovens, já dura há alguns anos, mas tem vindo a intensificar-se nos últimos tempos. Segundo informa o jornal, vários contingentes da Unidade de Intervenção Rápida da Polícia moçambicana estão na região a fim de restabelecer a ordem.
Moçambique já tem alguns problemas sérios, mas não pode deixar de dar muita atenção a esta ameaça, até porque o islamismo tem uma forte implantação naquela região que, há pouco mais de cem anos, era dominada pelo sultanato de Zanzibar. Portanto, as autoridades moçambicanas têm que estar atentas e actuar enquanto é tempo.

The Times e o bom fotojornalismo inglês

A imprensa britânica cultiva o fotojornalismo, por certo como nenhuma outra no mundo, sobretudo quando regista imagens de efemérides astronómicas ou de paisagens marítimas.
Nessa linha editorial, o diário The Times destaca hoje na sua primeira página e com grande destaque uma fotografia a quatro colunas da Lua cheia, captada no Solent, isto é, o canal que separa o sul da Inglaterra da ilha de Wight, próximo de um dos quatro fortes construídos no século XIX para proteger o porto de Portsmouth de qualquer ataque marítimo vindo do sul. É uma bela fotografia que valoriza a capa do jornal.
A Lua ocupa um lugar importante em muitas mitologias e lendas populares de inúmeras culturas do nosso planeta. De acordo com a cultura britânica e norte-americana, cada uma das Luas cheias que ocorre durante o ano tem um nome diferente relacionado com as estações do ano no hemisfério norte e que serve de referencial para as diversas épocas agrícolas. A Lua cheia de Setembro é a mais próxima do equinócio do Outono (22 de Setembro) e é conhecida como a Harvest Moon ou Fruit Moon. Porém, neste ano de 2017, essa Lua cheia só aconteceu em Outubro o que já não acontecia desde 2009.
Foi essa imagem da Lua cheia sobre o Solent que o jornal The Times publicou.
Curiosamente, a mesma edição anuncia uma entrevista com António Horta Osório, o presidente executivo do famoso Lloyds Bank que afirma que, no exercício das suas relevantes funções, o stress quase o quebrou.