Numa entrevista que concedeu a um jornal diário, o Primeiro Ministro referiu que os professores portugueses podem olhar para todo o mercado de língua portuguesa e aí encontrar alternativa de emprego, acrescentando que é uma excelente oportunidade para muitos professores dos ensinos básico e secundário.
Referindo-se a essas declarações o jornal i titula:
VAMOS FUGIR! Brasil e Angola.
Passos aponta saídas aos professores.
Esta ideia de encontrar emprego no estrangeiro não é nova e é uma decisão que muitos milhares de jovens portugueses já tomaram, numa atitude de grande coragem, sentido de responsabilidade e grande insatisfação.
A tendência está a massificar-se e a causar transtornos à economia nacional e ao nosso tecido social, provavelmente com efeitos irrecuperáveis no curto e médio prazo. Esses jovens estão a fazer-nos falta porque são muito qualificados e a sua formação consumiu muitos recursos públicos. Os efeitos já estão a ser devastadores, porque os bons emigram, ficando por cá os que se encostam.
Nesta situação de emergência, esperar-se-iam do Governo, e especialmente do Primeiro Ministro, bons exemplos e palavras de confiança, de incentivo e de estímulo. Não apenas o discurso da austeridade e nunca a sugestão de abandonar o país. Não se espera que um treinador de futebol deixe de incitar os seus jogadores na procura do golo, nem que um médico deixe de dar esperança a um doente, nem que um comandante deixe de dar alento às suas tropas. Nem que um Primeiro Ministro deixe de transmitir confiança aos seus concidadãos e lhes sugira que abandonem o país. Que infeliz sugestão. Ao que isto chegou!