quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Mudar de casa, para mudar de vida

Nas recentes eleições da Catalunha o PP (Partido Popular) somou 108.841 votos (3 deputados) e foi o oitavo entre os partidos mais votados, quando em 2015 tinha somado 349.193 votos (11 deputados) e em 2012 conseguira 471.631 votos (19 deputados). Este resultado foi considerado um desastre e anuncia uma decadência, mas o facto é que em termos nacionais o PP é o segundo maior partido de Espanha, esteve à frente do governo de Espanha com José Maria Aznar (1996-2004) e com Mariano Rajoy (2011-2018) e, nas últimas eleições nacionais, obteve 20,8 % dos votos e elegeu 88 deputados. Esta situação é bem diferente da que acontece em Portugal, pois nas últimas eleições legislativas o CDS-Partido Popular da Cristas só conseguiu 4,2% dos votos e apenas elegeu cinco deputados.
O facto é que Pablo Casado, o Presidente do PP, ficou alarmado com os resultados do seu partido na Catalunha e, assumidamente, por causa deles e pelas investigações em curso sobre um eventual financiamento irregular de obras no edifício que é a sede nacional do partido, situado na calle de Génova em Madrid, decidiu abandoná-la e vender o edifício. Diz o conceituado jornal El País que é "para huir de su passado corrupto". Significa, portanto, que Casado quer regenerar o seu partido e acabar com a maldição de corrupção que o persegue há muitos anos e com a “eterna suspeita” das autoridades sobre a existência de dinheiros sujos que mancharam o partido e que levaram a que o seu antigo tesoureiro fosse condenado a 29 anos de prisão. É uma estratégia de mudar de casa, para mudar de vida. 
Hoje, o jornal ABC e vários outros jornais espanhóis esqueceram o covid-19, as vacinas e o futebol, tendo dedicado as suas manchetes à decisão de Pablo Casado e do comité executivo do PP.