Goste-se ou não
se goste de futebol, alinhe-se ou não na alienação que faz daquela arte uma fantochada, ou apreciem-se ou não as aberrantes discussões televisivas a
respeito das futebolices, o facto é que a selecção nacional de futebol ganhou
ontem à Macedónia do Norte e garantiu a sua presença nos Mundiais do Catar, que
se realizarão a partir de 21 de Novembro. Foi uma alegria ver os dois golos do
Bruno Fernandes! Foi uma alegria ver o Pepe e o Danilo como dois generais a comandar a defesa! Foi uma alegria ver o entusiasmo do público, cantando o hino
nacional e agitando bandeiras!
Todos os povos
precisam destas pequenas-grandes coisas para se animarem, para reforçarem a sua
autoestima e até para darem mais sentido às suas vidas, para assim poderem
ultrapassar as suas frustrações do presente ou as suas ansiedades quanto ao futuro.
A ausência do Catar seria quase uma humilhação para a orgulho português, mas
também para alguns outros povos que se vão rever naquela equipa.
Os jogadores
estão de parabéns, tal como a estrutura organizativa que os apoia e o treinador
da equipa, que é um homem de sorte, por dispor de um tão vasto leque de
talentosos e experientes futebolistas. Foi ele quem declarou que “vamos atrás do
sonho”, que hoje faz o título do jornal A Bola, a pensar que é possível
fazer boa figura no Catar e, quem sabe, até chegar à vitória. De facto, o sonho
comanda a vida, como escreveu António Gedeão no poema Pedra Filosofal, ou pelo sonho é que vamos como disse Sebastião da Gama. Esta curiosa ligação da arte do futebol à arte
poética é realmente muito estimulante e até resgata o futebol de uma teia de
duvidosos interesses e de gente pouco recomendada que dele vive.
Portanto, viva o
futebol propriamente dito, mas só esse!