Na sequência de
um acordo de fusão 50:50 celebrado em Dezembro de 2019 entre a Peugeot (Grupo
PSA) e o grupo Fiat Chrysler Automobiles NV, foi criado um novo grupo gigante
do sector automóvel que adoptou o nome
Stellantis e que iniciou a sua actividade em Janeiro de 2021, com o gestor
português Carlos Tavares como CEO.
O grupo está
registado e tem sede em Amesterdão, possui quase trezentos mil funcionários e
reúne 14 marcas, entre as quais a Alfa Romeo, Citroën, Fiat, Jeep, Lancia,
Maserati, Opel e Peugeot. Ontem, em assembleia geral, os accionistas do grupo
rejeitaram a proposta de remunerações dos administradores, influenciados pela
polémica que surgiu em França relativa aos valores pagos ou a pagar pela Stellantis a Carlos Tavares que, segundo
o jornal Le Monde, terá recebido 66
milhões de euros de remunerações em 2021. Porém, de acordo com o relatório
submetido aos accionistas, a remuneração de Carlos Tavares relativa a 2021 terá
sido de 19.153.507 euros, dos quais apenas 1,99 milhões de euros correspondem à
remuneração-base.
O valor de 66
milhões de euros que tem sido divulgado não constitui uma remuneração imediata,
pois trata-se de acções atribuídas no âmbito do plano de incentivos de longo
prazo, avaliadas em 32 milhões de euros, e outras remunerações em dinheiro que
poderão ser recebidas a longo prazo. Portanto, o anúncio de 66 milhões de euros,
não é verdadeiro, mas quer seja 19, quer seja 66, é uma coisa escandalosa em qualquer parte do mundo.
No entanto, num
ano em que os lucros da Stellantis atingiram
13.354 milhões de euros, o grupo reconheceu “a excepcional capacidade de Mr.
Tavares para transformar a Stellantis”,
mas os valores do seu pacote salarial têm sido considerados
“indecentes e revoltantes” e o assunto já entrou na disputa eleitoral em
França, enquanto o jornal La Tribune lhe dedica a capa da sua
edição de hoje.