Realizou-se em
Madrid o congresso do Partido Popular Europeu (PPE), que reuniu os grandes
líderes conservadores europeus e no qual estiveram cerca de três mil
participantes, incluindo 14 chefes de Estado e de Governo. A análise dos discursos
revela que houve uma troca geral de elogios e que a dois meses das eleições
espanholas, este congresso foi uma ajuda de que Mariano Rajoy muito precisava para encarar as próximas eleições.
As imagens televisivas mostraram algumas personalidades como o valente Nicolas
Sarkozy que atacou a Líbia de Kadaffi, o estafado Silvio Berlusconi que se
afogou em escândalos e o nosso José Barroso cuja incompetência deixou marcas em
Bruxelas.
Angela Merkel
esteve lá e, para além de pedir o voto em Mariano nas próximas eleições, exigiu
que os portugueses tivessem menos férias e menos licenciados, dizendo ainda
esperar que o “companheiro Pedro” possa formar governo. Mariano Rajoy foi
mais longe e veio afirmar que “uma coligação de esquerda em Portugal seria
negativa para os interesses de todos” e “não respeitaria” a vontade dos
portugueses”, acrescentando que “seria a primeira vez na história – desde que a
democracia regressou a Portugal – que não governaria o partido que ganhou as
eleições”. O diário La Razón deu larga reportagem ao congresso conservador e destacou esses dois líderes em fotografia de primeira página.
Acontece que todos se deviam
preocupar mais com a desagregação da Europa, com a estagnação económica, com o
desemprego, com a pobreza e a desigualdade social, com a ascensão das forças
anti-democráticas, com os refugiados e a guerra na Síria, com o quadro de
terror que se instalou na Líbia e com tantos outros graves problemas que afectam o nosso continente. Isso ficou
em segundo plano. Angela Merkel preocupou-se com Portugal quando se devia
preocupar com a Volkswagen e Mariano Rajoy preocupou-se com Portugal quando se
devia preocupar com a Catalunha.
Aqui, só Manuel Alegre reagiu contra a
inadmissível ingerência desta gente na nossa vida interna.
Ao qu’isto chegou!