terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Xi em Lisboa: tudo à grande e à chinesa

No seu percurso de nove séculos de história, o nosso Portugal regista dois momentos, entre outros, em que sob a forma de embaixadas ao Papa, mostrou grande exuberância e ostentação. O primeiro foi a faustosa embaixada de D. Manuel ao Papa Leão X em 1514 que até incluia um exótico elefante e, o segundo, foi a embaixada de D. João V ao Papa Clemente XI em 1716, que exibia “uma riqueza nunca vista” segundo os relatos da época.
Só a cidade de Roma viu desfilar essas magníficas embaixadas e, por isso, o povo de Lisboa só veio a saber o que era fausto e ostentação quando em 1807 as tropas de Junot entraram em Lisboa. Jean-Andoche Junot gostava de se passear pela cidade com o seu séquito e o povo deslumbrou-se com aquelas faustosos comitivas em que era tudo “à grande e à francesa”. Os tempos mudaram e esse tipo de embaixadas e de ostentações já são coisas do passado.
Porém, o que se anuncia em relação à visita do Presidente Xi Jinping da República Popular da China que hoje se inicia, não deixa de nos recordar esses episódios da nossa história, pois a comitiva chinesa reservou para si um dos melhores hotéis da cidade por dois mihões de euros e não dispensou as limusinas blindadas que vieram propositadamente da China, segundo anuncia hoje o jornal i. Era à grande e à francesa, agora vai ser à grande e à chinesa...
Xi Jinping parece dar grande importância a esta visita e tem razões para isso, até porque a obra deixada pelos portugueses em Macau terá sido uma agradável surpresa para a China. Por isso, ele já afirmou que Portugal é uma peça importante na estratégia de globalização da economia chinesa, não só pela posição que ocupa na Europa mas também pelas suas relações com os países de língua oficial portuguesa. Mas é preciso cuidado com os afectos porque os chineses não dão ponto sem nó...