sexta-feira, 3 de maio de 2019

O incrível desfile das tropas de Maduro

A crise venezuelana arrasta-se e um dos seus últimos episódios foi a tentativa de golpe de estado do passado dia 30 de Abril, que pareceu uma infantilidade e falhou. Dessa iniciativa apenas resultou a libertação de Leopoldo López, que parece ser o verdadeiro líder da oposição e que cumpria 14 anos de prisão domiciliária, mas que rapidamente deixou a luta na rua e se refugiou na Embaixada de Espanha, de onde declarou que vão ocorrer novos levantamentos militares.
Actualmente, a pressão americana é enorme e a administração Trump continua a apoiar as iniciativas de Juan Guaidó, que mantém a sua popularidade muito alta, mas que não consegue desequilibrar a situação a seu favor, enquanto os apoios de Maduro também são poderosos e incluem a Rússia, a China, Cuba, Turquia, Irão e outros países. Nesta conjuntura complexa e com o país dividido, a posição dos militares parece ser determinante e ambas as partes garantem ter o seu apoio. Assim, o melhor a fazer é mesmo conversarem todos para encontrar soluções que evitem que a situação social e económica da Venezuela se degrade ainda mais ou, pior ainda, que desatem aos tiros uns nos outros.
A curiosidade destes dias não foi tanto o golpe falhado do dia 30 de Abril, que mais pareceu uma iniciativa infantil da oposição, mas sobretudo a resposta de Nicolas Maduro, ao organizar uma marcha de militares que ele próprio encabeçava. Aquilo foi uma cena hilariante e uma coisa impensável de ridículo. Parecia a Grande Marcha de Mao Tsé-tung. Os militares foram instrumentalizados e humilhados. Não sei se estarão dispostos a continuar a ser actores neste teatro. A fotografia do insólito caso correu mundo a mostrar a extravagância do Maduro e do seu regime. Não parecia a brigada do reumático portuguesa de 1974, mas era um enorme batalhão de gente obediente a qualquer maduro que apareça. Aquela fotografia ajudou-me muito a perceber a situação.