A crise
venezuelana arrasta-se e um dos seus últimos episódios foi a tentativa de golpe
de estado do passado dia 30 de Abril, que pareceu uma infantilidade e falhou. Dessa
iniciativa apenas resultou a libertação de Leopoldo López, que parece ser o verdadeiro líder da oposição e que cumpria 14 anos de prisão domiciliária, mas que
rapidamente deixou a luta na rua e se refugiou na Embaixada de Espanha, de onde
declarou que vão ocorrer novos levantamentos militares.
Actualmente, a
pressão americana é enorme e a administração Trump continua a apoiar as
iniciativas de Juan Guaidó, que mantém a sua popularidade muito alta, mas que
não consegue desequilibrar a situação a seu favor, enquanto os apoios de Maduro
também são poderosos e incluem a Rússia, a China, Cuba, Turquia, Irão e outros
países. Nesta conjuntura complexa e com o país dividido, a posição dos militares parece ser
determinante e ambas as partes garantem ter o seu apoio. Assim, o melhor a
fazer é mesmo conversarem todos para encontrar soluções que evitem que a
situação social e económica da Venezuela se degrade ainda mais ou, pior ainda,
que desatem aos tiros uns nos outros.
A curiosidade
destes dias não foi tanto o golpe falhado do dia 30 de Abril, que mais pareceu
uma iniciativa infantil da oposição, mas sobretudo a resposta de Nicolas Maduro,
ao organizar uma marcha de militares que ele próprio encabeçava. Aquilo foi uma
cena hilariante e uma coisa impensável de ridículo. Parecia a Grande Marcha de
Mao Tsé-tung. Os militares foram instrumentalizados e humilhados. Não sei se
estarão dispostos a continuar a ser actores neste teatro. A fotografia do
insólito caso correu mundo a mostrar a extravagância do Maduro e do seu regime.
Não parecia a brigada do reumático portuguesa de 1974, mas era um enorme
batalhão de gente obediente a qualquer maduro que apareça. Aquela fotografia
ajudou-me muito a perceber a situação.